Minha relação com Rosal vem da família de meu avô Olivio Vargas Neto, ele nasceu lá. E todo mês de julho tem a festa da cidade, com direito a baile da saudade e a apresentação da Lira 14 de Julho. Desde que me entendo por gente pelo menos uma vez por ano estou em Rosal. Tenho lembranças de infância na praça, na fazenda, na casa. Para ajudar minha memória de criança tenho fotos na fazenda do Astrogildo, no Koreto da praça com meus bisavô e bisavó que eu mesmo nunca lembrei. É um lugar pequeno, uma rua principal, ou melhor, um distrito de Bom Jesus do Itabapona/RJ. Fica na divisa entre o estado do Espírito Santo e Rio de Janeiro, próximo a divisa com Minas Gerais. E minha vida se resume a estes três estados, basicamente Vitória x Rosal x Muriaé.
Em Rosal o tempo passa diferente, não pega celular e ninguém precisa trancar a porta da frente. Quando comecei a estudar fotografia em 2002, Rosal passou a ser tema recorrente na minha produção. O “olhar do estrangeiro” sempre ajudou muito, pois toda relação espacial de lá é diferente da Grande Vitória/ES. O velho, o gasto, a mancha, a arquitetura, o material, o design, a roupa, etc, de Rosal contrasta muito com minha bagagem de cidade grande. Mas com essa exposição e o passar do tempo vejo que esse “olhar do estrangeiro” sempre foi no fundo o “olhar do banal”. Reforça o pensamento da potência presente a cada novo encontro.
Nunca fotografei em Rosal em busca de algum resultado profissional, o princípio sempre foi a experiência. Na fotografia a prática é o caminho, e depois de oito anos percebi que o caminho nunca acaba. Reúne fotos que foram feitas no período de julho de 2005 a outubro de 2012. Basicamente com uma lente 28mm e outra 50mm fotografei em vários horários e períodos do ano a vila de Rosal. São retratos bem próximos, cenas do cotidiano, texturas, sombras, detalhes, o bar e a igreja. Luzes e paisagens da “terra onde a rosa é a flor”.