Ao caminhar pelas ruas à noite, sou frequentemente capturado por um fenômeno que, embora onipresente, raramente recebe a devida atenção: a luz artificial. Luzes que sinalizam, indicam e direcionam. É como se essas luzes tivessem uma voz própria, chamando-me para imortalizá-las através da minha lente. Sinto que estou respondendo a um chamado, uma espécie de convocação silenciosa que transforma objetos cotidianos em protagonistas de uma narrativa luminosa.
Desde os primórdios da humanidade, as cores têm desempenhado um papel crucial na comunicação e na percepção do ambiente ao nosso redor. As cores específicas escolhidas para sinais de trânsito são exemplos de como a nossa percepção é profundamente influenciada por associações culturais e biológicas. Reagimos quase automaticamente a essas cores, entendendo suas mensagens silenciosas sem necessidade de reflexão consciente.
A fotografia de rua, para mim, é uma forma de capturar a interação entre o ser humano e o ambiente urbano, e as luzes artificiais desempenham um papel central nessa dinâmica. Não apenas iluminam os caminhos, mas também criam um diálogo silencioso com as pessoas. Sinais luminosos, neons vibrantes e semáforos são todos protagonistas de um balé urbano que ditam o ritmo da vida na cidade. Ao fotografar esses elementos, sou guiado por um impulso quase instintivo, como se essas luzes tivessem uma personalidade própria, convidando-me a capturar o momento em que se tornam mais do que meros instrumentos de sinalização — tornam-se arte.
Percebo que sou sempre capturado por uma curiosidade incessante sobre como a luz artificial molda nossa percepção do mundo urbano. E eu respondo ao chamado silencioso dessas luzes, numa tentativa de capturar não apenas a cena, mas a essência do que significa ser guiado, direcionado e, às vezes, desviado por esses sinais luminosos. E assim, continuo a andar pelas ruas, atento às luzes que me chamam, pronto para responder com minha câmera, presenciando momentos que falam da eterna dança entre o homem, a luz e a cor.