Num momento expansivo de uma progressão econômica efervescente, onde a expectativa das pessoas é almejar bens materiais, alguns poucos contrastam com estes valores. Entre essa pequena parcela, me deparei com um pequeno bairro, chamado “Malvinas”. Aqui denotam-se valores que vão ao encontro com as relações humanas, formando um rotundo contraste com os valores cultivados na massa cosmopolita.
O “Barrio Malvinas” se localiza a beira mar entre os balneários Valizas e Aguas Dulces, ao leste de Uruguay no departamento de Rocha e conta com aproximadamente 60 moradores estáveis.
Esta comunidade foi se formando em terras fiscais do estado e conta com casas modestas, algumas de veraneio e outras de moradores permanentes.
Este ensaio foi realizado acompanhando o cotidiano de três famílias que moram no local. Todos, de uma forma geral, tiveram uma vida normal em cidades grandes e depois de conhecer este lugar em veraneios ou vendendo artesanato, resolveram se estabelecer no local como uma nova opção de vida, despojada dos bens materiais, mantendo contato com a natureza e preservando o meio ambiente. Possuem em geral um excelente nível cultural, tendo base para versar e discutir sobre diversos temas.
As construções do local chamam a atenção por sua peculiaridade; boa parte são feitas pelos próprios moradores, através de donativos, compra de materiais, ou simplesmente madeira catada. Começam por uma parte da habitação e depois vão agregando cômodos de acordo com suas possibilidades.
A comunidade não conta com serviços públicos como energia elétrica e agua. Assim, usam painéis solares como fonte de energia, lenha para aquecimento e culinária, e a agua é colhida em baldes de cacimbas ou através de bombas manuais das vertentes do local.
Percebi que os moradores do “Barrio Malvinas”, vivem sob condições vistas por muitos como precárias, porém, aos olhos destes, todo os recursos necessários estão supridos. Com isto, a cultura vivenciada nesta comunidade nos leva a indagar; quem de fato leva uma melhor condição de vida?