Há algum tempo as problemáticas ambientais, especialmente aquelas ligadas à ação humana predadora, chamam a minha atenção. Devido a minha angustia diante destas questões, busco em minha pesquisa artística, indagações criticas e humanas sobre nossa responsabilidade enquanto sujeitos.
No Brasil de proporções gigantescas, da Amazônia a ilha que habito, enumero desmatamentos, poluição dos rios superficiais e subterrâneos, mangues, mares
e ar, descarte incorreto do lixo, além de toda a problemática social consequentes. Mais que nunca, vivemos na urgência de repensar nossas ações e o mundo que queremos. Durante o período de pandemia, vivi o susto de descobrir minha visão sendo afetada pela catarata. Depois do susto veio a reflexão sobre o significado da cegueira pra mim. A minha e a dos outros. Foi assim que surgiu este trabalho ”ObscuraAção”, onde busco enfrentar, real e simbólica, a falta de visão. Concentro-me na água, como fonte primordial da vida, como referencia imagética, estética, politica e subjetiva; aguas ora límpidas ora turvas, de conforto ou omissão, de ver, dar a ver ou cegar. Minha escolha foi de intervir criando uma veladura, uma área que esconde e ao mesmo tempo destaca na imagem, um campo de atenção e provocação.