No coração do Raso da Catarina, no extremo sertão da Bahia, encontra-se o paraíso dos índios Pankararé. Esta comunidade, em sua rotina diária, não apenas constrói sua própria história, mas também se entrelaça com a luta pela valorização e proteção da biodiversidade brasileira. Carregando o doloroso legado da expulsão das margens do rio São Francisco pelos brancos, os Pankararé seguem firmes em sua resistência.
Através das minhas fotografias, busco capturar a dignidade humana que, muitas vezes, se oculta sob a fachada endurecida pela adversidade da vida. O que me atrai não é a pobreza material que cerca esse povo, mas sim a riqueza de espírito e a grandiosidade do sertanejo. Em meio à aridez e à negligência das instituições governamentais, os Pankararé emergem como verdadeiros sobreviventes, mantendo sua humanidade apesar de todas as adversidades.
Meu objetivo é revelar, por meio das imagens, as emoções, os sentimentos e os modos simples de viver dessa comunidade. Cada fotografia é um fragmento de sua essência, que juntos, compõem a verdadeira dimensão desse povo.
Durante quase um ano, tive a honra de conviver com os Pankararé. O lento e cauteloso processo de aproximação transformou-se em uma valiosa experiência de vida. A distância do meu mundo e o encontro com este universo diferente revelaram a simplicidade necessária para nos conectarmos com nós mesmos.
Espero que estas fotografias inspirem um maior conhecimento e entendimento sobre os Pankararé e sua relação com a natureza. Que elas incentivem um olhar mais consciente sobre a defesa da nossa biodiversidade e a valorização dos conhecimentos tradicionais que essas populações preservam há séculos.