A morte é um tema que, invariavelmente, provoca reflexões profundas sobre a existência humana. Em meu projeto fotográfico “Vestígios de uma Noite sem Lugares”, proponho um olhar sensível e contemplativo sobre a finitude da vida, utilizando a imagem de animais mortos como metáfora para a efemeridade e a incerteza que permeiam nossa existência cotidiana.
A escolha dos animais mortos como protagonistas deste ensaio não é arbitrária. Eles representam, de maneira crua e direta, o ciclo natural da vida e da morte, um ciclo que muitas vezes preferimos ignorar em nossa busca incessante por certezas e permanências. Cada fotografia é um convite à introspecção, um chamado para que observemos a fragilidade da vida e a inevitabilidade da morte com um olhar mais atento e reflexivo.
O título “Vestígios de uma Noite sem Lugares” sugere uma jornada noturna, um percurso pelo desconhecido onde as certezas se dissolvem e somos confrontados com a essência transitória de nossa existência. Após a morte, todas as certezas tornam-se incertas, e é nesse limiar entre o conhecido e o desconhecido que reside a potência deste trabalho.
Cada imagem capturada é um vestígio, um fragmento de uma narrativa maior que transcende o visível. Através das lentes, busco revelar não apenas a quietude da morte, mas também a beleza e a dignidade inerentes a cada ser, mesmo em seu estado final. A composição cuidadosa, a iluminação e os ângulos escolhidos são pensados para evocar uma sensação de respeito e contemplação, transformando o que poderia ser visto como mórbido em algo profundamente poético e humano.
Este ensaio é, acima de tudo, uma reflexão sobre a vida. Ao nos depararmos com a morte de outros seres, somos levados a questionar nossas próprias vidas, nossas escolhas e a maneira como nos relacionamos com o mundo ao nosso redor. “Vestígios de uma Noite sem Lugares” é um convite para que, através da contemplação da morte, possamos encontrar um novo sentido para a vida, valorizando cada momento e reconhecendo a beleza que existe na transitoriedade.
A ordenação das fotos cria uma narrativa que começa com a luta e a queda, passa pela revelação da verdade, a interrupção da vida, a quebra das armaduras, o desejo de libertação, a contemplação, a personificação da morte, a aceitação da natureza, o retorno à terra, a aceitação do destino, a serenidade, a esperança de renascimento e, por fim, a aspiração aos sonhos.
Desde 1990 | Publicitário, Designer, Escritor, Fotógrafo e Artista Multimídia. Na área da fotografia já alcançou êxito em mais de 90 prêmios nacionais e internacionais. Sua obra artística e fotográfica “Cores do Caos” faz parte do acervo permanente do MAB – Museu de Arte de Brasília.