Aos 17 anos de idade, passei no vestibular para arquitetura, mas por razões familiares não pude cursar a faculdade. Acabei fazendo Engenharia e, anos mais tarde, em 2009 entrei em um concurso público na cidade de São Paulo. Por ironia do destino, fui designado a um escritório de arquitetura público. Parte do que não aprendi aos 17 anos, aprendi com meus colegas, que me ensinaram, pela janela, sobre um imponente prédio em estilo Mies van der Rohe, projetado pelo arquiteto Roger Zmekhol, precursor de todos esses prédios espelhados que vemos pela cidade hoje.
O prédio era o Wilton Paes de Almeida por “quem” tomei grande apreço tirando reiteradas fotos. Era um prédio ocupado por mais de 150 famílias com mais de 400 pessoas morando. Passava sempre na frente e conversava com alguns dos moradores. Essa problemática de moradia na cidade é refletida no Seu Wilton onde essas pessoas viviam num dos prédios mais bonitos da cidade, mas sem energia elétrica e água.
O final da vida do Seu Wilton coincidiu com a minha no escritório público de arquitetura. Alguns meses depois do prédio pegar fogo e cair no dia 1 de maio de 2018 eu também saí do escritório de arquitetura. Seu Wilton morreu, 7 pessoas morreram e eu morri um pouco.