Com experiência no mercado publicitário, de estúdio e corporativo, Ricardo Prado produz em paralelo projetos documentais autorais. Ao transpor a iluminação de estúdio para o ambiente externo da caatinga, ele criou uma série de retratos que prima pela originalidade. O Ensaio “Vaqueirama“, um dos finalistas do Prêmio Portfólio FotoDoc 2024, reúne imagens dessa série.
O projeto foi iniciado em 2015 na cidade de Bom Jesus da Lapa (BA) e tem como foco os vaqueiros encourados da Bahia e de Pernambuco. A proposta é de retratar os vaqueiros de forma heroica, que remete aos cartazes de filmes de super-heróis. Dessa forma, Ricardo Prado adiciona uma pitada de ficção, indo além do mero registro, sem deixar de destacar o caráter histórico e antropológico da cultura do vaqueiro nordestino.
Saiba mais sobre o fotógrafo e seu trabalho na entrevista abaixo.
Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
Tenho 49 anos, nasci em Minas mas vivo em Salvador desde 1989. Sou freelancer desde que comecei a fotografar, atuo principalmente como documentarista, mas também atuo como fotógrafo publicitário, de estúdio e corporativo.
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Comecei a fotografar em 1997, ainda na faculdade, quando cursava Publicidade e Propaganda na Universidade Católica de Salvador. Meu primeiro trabalho profissional foi o registro de uma romaria no município de Santa Brígida, interior da Bahia. Com o dinheiro que ganhei neste trabalho paguei minha primeira câmera, uma Pentax P30 e minhas fotos foram publicadas na capa do Jornal A Tarde e na capa do caderno Municípios, com matéria de 2 páginas. Foi o suficiente para eu nunca mais sair da fotografia.
De lá pra cá fiz fotos para diversos jornais e revistas, publiquei 4 fotolivros e participei de exposições individuais e coletivas, tendo fotos no acervo de dois museus, Espaço Pierre Verger e Cidade da Música, em Salvador.
Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do PPF 2024. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
Vaqueirama é um projeto de livro fotográfico que comecei em 2015, na cidade de Bom Jesus da Lapa – BA, que tem como foco os vaqueiros encourados da Bahia e de Pernambuco. A proposta é retratar os vaqueiros de forma heroica, utilizando iluminação de estúdio no meio da caatinga, em poses que remetam a cartazes de filmes de super-heróis. Este é o primeiro trabalho autoral que eu interfiro nas cenas e poses dos personagens para acrescentar camadas ao resultado final, ultrapassando o limite da mera fotografia documental para chegar no artístico. Tudo isso sem deixar de destacar o caráter histórico e antropológico da cultura do vaqueiro nordestino.
Vejo este projeto como o mais importante que já produzi até agora, tanto pelo amadurecimento do meu trabalho como fotógrafo documentarista como pela paixão que eu tenho pelo tema, por estar ligado aos meus antepassados paternos e pela minha ligação pessoal como sertão nordestino e principalmente, com o povo sertanejo.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Meu projeto principal atualmente é continuar viajando pelo sertão para concluir o livro Vaqueirama, mas paralelamente também tenho me dedicado a fotografar a periferia de Salvador, com destaque para os pequenos terreiros de Candomblé que se espalham pela cidade além de outros dois projetos: documentar a vida dos pescadores da orla de Salvador e, mais adiante, voltar a produzir fotos de um projeto que está parado há 9 anos, que é produzir um livro sobre o maior moto-clube do mundo, intitulado Hells Angels Brasil. Projeto que me dediquei por 7 anos, viajando por vários estados do país acompanhando o clube.