Nu Quintal é fruto da maior tragédia sanitária do século XXI. Realizado entre os anos de 2020 e 2021, o ensaio aborda a interferência da pandemia no cotidiano e nas relações sociais, mas ao mesmo tempo revela a intimidade da vida familiar diária acontecendo, apesar do vírus que ameaçava a existência humana e impedia os afetos de coexistir em um mundo físico.
O Brasil é um país recheado de mazelas e contradições. Mas na pandemia imposta pele Covid-19, num contexto político negacionista, a sociedade brasileira experimentou espécie de distopia, um momento histórico um tanto anacrônico: desestímulo à vacinação, promoção de aglomerações, teorias conspiratórias, movimento anticiência, terraplanismo, tudo isso combinado às restrições sociais.
Mas que símbolo de maior resistência à pandemia, à quarentena e seus efeitos, do que o cotidiano em funcionamento? Que lugar mais icônico para se promover a resistência, senão um quintal? Símbolo de brasilidade, lugar de encontros, o quintal serviu para espelhar dimensões da vida, como o trabalho, o afeto e o lazer, tão impactadas. Portanto é o principal personagem do ensaio, um verdadeiro quilombo da vida em sociedade.