Poucos sabem, mas a subcultura skinhead tem sua origem e essência na cultura jamaicana, sobretudo na música, moda e comportamento. Meu projeto experimental de conclusão do curso de Jornalismo na UFMG, Skinheads em Belo Horizonte: o que você acha que sabe e talvez não veja” conta, por meio de um livro de fotorreportagem, contendo perfis de quatro skinheads de Belo Horizonte, a história factual da subcultura a partir dos próprios, alternativa ao senso comum e divergente do viés sensacionalista e estereotipado da grande mídia.
Com esse projeto eu pretendia desconstruir uma das maiores certezas que as pessoas tem na vida: quem e o que são os Skinheads. Quando pensamos nos skins, geralmente visualizamos um homem branco, na casa dos 20, do tamanho de um guarda-roupa, com tatuagens nazistas, batendo em alguma minoria na rua ou falando atrocidades na internet. Não é para menos, esses são estereótipos predominantes no Brasil quando se trata desse grupo. Mas, um Skinhead pode ser: antirracista, antifascista, negro, queer, mulher, pai, professor, jornalista, peão de obra, engenheiro, Dj, comunista, anarquista, simpático, carioca, ibiritense, fã de diva pop, maconheiro.
Tudo bem, não vamos nos enganar, minorias sendo espancadas nas ruas vendiam, e ainda vendem, muito mais jornais do que imigrantes jamaicanos e jovens da classe operária britânica se reunindo para dançar ska. Para piorar, a escassez de estudos acadêmicos colabora para a manutenção de uma opinião pública errônea e fortemente moldada pela mídia. Mas, para além das páginas de livros e jornais, os verdadeiros skinheads, como se reconhecem, conquistam junto ao seu espaço na rua a aceitação e simpatia de outras tribos urbanas. Com muito orgulho de herdar e carregar o “espírito de 69”, eles não se dão por vencidos, e provavelmente nunca serão, para algumas pessoas não há nada na vida mais importante quanto ser legítimo. E como às vezes só falar não basta, com a boa vontade de alguns skinheads de BH, eu também resolvi mostrar.