Durante minha estadia no Campo de Refugiados de Dzaleka, Malawi, África, tive o privilégio de fotografar algumas das “Mães do Campo”. Este é o nome do projeto criado pela organização humanitária Fraternidade Sem Fronteiras, que acolhe mães que não têm condições de criar seus filhos com dignidade.
Algumas têm que se entregar à prostituição para não morrerem de fome. Eu queria colocá-las numa situação em que se sentissem bonitas e livres. Viver num campo de refugiados, presas à extrema vulnerabilidade, é carregar dores incalculáveis. Improvisei um pequeno estúdio no meio da machamba onde cultivam hortaliças e pedi que se rendessem espontaneamente ao clique da câmera.
Elas escolheram alguns objetos que usam na horta e fizeram poses. Foi então que aconteceu a magia dos seus corpos em harmonia com a natureza das suas almas. Foram momentos especiais de entrega e liberdade possível num território onde resiste a esperança.