Este ensaio acompanha o desfile dos Filhos de Gandhi, bloco afro criado em 1949 por estivadores do porto de Salvador. Formado exclusivamente por homens, o grupo se inspira na filosofia pacifista de Mahatma Gandhi e desfila anualmente pelas ruas do Centro Histórico.
A concentração tem início no Pelourinho, onde seus integrantes chegam já vestidos com túnicas, turbantes e colares brancos e azuis. Ao som das cornetas e tambores, o cortejo avança por ruas, ladeiras e praças coloniais, ocupando a cidade com forte carga simbólica. Arquitetura, espaço público e presença corporal se entrelaçam na afirmação de uma identidade negra que é religiosa, cultural e política. Entre os participantes, meninos montados em cavalinhos de pano percorrem o trajeto com leveza. Seus gestos evocam a infância, a imaginação e a continuidade. Dentro do carnaval da cidade, os Filhos de Gandhi mantêm uma linguagem própria, marcada pelo ritmo, pela disciplina e pela estética coletiva.
As imagens buscam registrar a força dessa manifestação, em que memória, espiritualidade e ocupação simbólica da cidade se transformam em gesto contínuo de resistência e celebração.