Esta série parte de símbolos clássicos do Rio de Janeiro — como o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar e a orla de Copacabana — para tensionar a imagem idealizada da cidade, já muito vendida ao mundo como paisagem desejada. As imagens confrontam esse imaginário com a realidade de um território atravessado por desigualdades históricas, especialmente na zona sul, onde morro e asfalto dividem o mesmo espaço, mas seguem distantes no cotidiano.
As fotografias propõem uma linguagem que remete a um tempo suspenso, quase fora do presente. Essa escolha não é apenas estética: ela evoca a sensação de permanência das estruturas sociais, a lentidão das transformações, a repetição dos vazios. Um tempo que não se move, como as políticas públicas que seguem ausentes onde mais seriam urgentes.
Cartão Postal propõe um olhar mais atento para o que se oculta sob a superfície da paisagem e para a complexidade dos territórios urbanos, marcados por sobreposições, silêncios e permanências.