Com o seguinte trabalho procuro expor um pouco das visualidades brasileiras, dada por nossas cores, luzes e cotidianos. As fotografias aqui apresentadas emergem de um imaginário coletivo, a partir da influência do olhar de outros grandes fotógrafos que acabaram por cristalizar a imagem do povo brasileiro, esses como Walter Firmo, Luiz Braga ou Mario Cravo Neto. Minha abordagem é em relação à cenas do dia a dia, que em primeira instância, podem parecer pouco significantes.
O que procuro é evidenciá-las a partir dos seus aspectos únicos e regionais. Para isso, sempre utilizo da relação pessoa-ambiente. Quero expor a relação humana para com a vegetação, arquitetura e organização social que as rodeia, para que o espaço caracterize o homem, e o homem, o espaço. Minhas fotografias são feitas a partir da espontaneidade do fenômeno. Busco prevê-lo para poder capturá-lo no momento e do ponto de vista certo para a narrativa que busco traçar, sempre à procura de o manter o mais natural, buscando influenciá-lo o menos possível.
A organização das fotografias se consiste nas variações de luz que o correr do dia nos proporciona, acompanhando, dessa forma, as atividades executadas nesses horários e luzes específicas. Busco com isso que a luz nos possa ajudar a codificar os hábitos que esses lugares e pessoas carregam. Começo então com o sol tropical, a pino, para em seguida vir um sol mais lateral e alaranjado, da tarde até a golden hour, passando pelas luzes do lusco-fusco, com a magic hour e a blue hour, até a noite completa, uma vez que as luzes artificiais dominam a cena, onde exploro sua natureza de matrizes, a partir do contraste cromático dado pelas diversas tecnologias de fontes e o chiaroscuro deixado por essas. Minha ligação com o cinema me habituou à necessidade da narrativa para fotografar, o que procuro, no fim, é que essas imagens façam parte de uma mesma história, como frases, que juntas compõem um texto.













