O sagrado e o secreto são dois conceitos fundamentais presentes em diversas religiões ao redor do mundo, ambos têm relação com aspectos espirituais e místicos que envolvem o relacionamento do ser humano com o divino.
O sagrado se refere a tudo aquilo que é considerado divino e intocável, transcendendo as limitações humanas. É algo que inspira respeito e adoração, muitas vezes envolvido em rituais e cerimônias que buscam honrar e se conectar com o divino. Já o secreto está relacionado a aspectos místicos e esotéricos das religiões, envolvendo mistérios e conhecimentos que só são acessíveis a um grupo seleto de iniciados. Em algumas tradições, o conhecimento secreto é guardado por líderes religiosos ou por ordens iniciáticas que exigem um rigoroso processo de iniciação para que o indivíduo possa ter acesso a ele.
Sobre esses conceitos (sagrado e secreto) é que foi desenvolvido esse ensaio, retratando a cerimônia de iniciação de um sacerdote (Ojé) do culto de Egungun, uma religião afro-brasileira na qual se cultuam, majoritariamente, ancestrais falecidos de homens que, transformaram-se em babá egun após a morte. Nessa religião, em que homens detêm prerrogativas exclusivas, as mulheres participam de diversas atividades dos terreiros e de rituais, atuam na organização das casas e, eventualmente, ocupam “postos”, sendo gênero marcador fundamental na conformação do culto.
A frase “Eu não vi nada”, tema desse trabalho, é entoada pelo recém sacerdote durante a cerimônia, como afirmação que manterá em segredo o conhecimento do sagrado, ao custo de sua própria existência.
Fotos realizadas no dia 29/04/2023 no Terreiro de Tricampeão Ilê Axé Babá Okeinan.