Onde reside a força de uma cultura? Onde resiste a força da América Latina?
Movido pelo desejo de compreender o que é ser latino nos dias de hoje, iniciei um ensaio fotográfico pelos países da América, começando pelo Peru — berço do Império Inca e do povo Quechua. Foi lá que, de forma quase magnética, fui tomado pela admiração pelas vestimentas femininas peruanas.
Em Lima, a capital, vi algumas mulheres usando as roupas tradicionais, mas muitas vezes em contextos turísticos — como se a cidade, moldada por padrões ocidentais, transformasse esses símbolos em mercadoria. Mas foi ao viajar para o interior do país que compreendi: mais do que vestimenta, aquilo era um gesto de resistência. Um sinal vivo da força cultural que atravessa gerações.
Dona Júlia, uma das mulheres que fotografei, me contou que cada elemento — o chapéu, os xales, as saias, as tranças no cabelo — carregam significados próprios e expressam muito da identidade de quem os usa. Cada escolha tem propósito e carrega uma história.
Este ensaio é uma celebração dessa presença firme e simbólica — da força feminina que, por meio de uma união silenciosa e coletiva, resiste. Mantém viva a beleza de uma cultura que, mesmo cercada por estruturas de opressão e machismo, persiste e inspira novas gerações a seguirem de forma autêntica.




