Aos 27 anos, o comunicador catarinense Augusto D’arte constrói uma trajetória que une arte, ativismo e narrativas visuais. Natural de Rio do Sul, interior de Santa Catarina, ele atua há mais de uma década na comunicação com um propósito claro: dar voz às pessoas marginalizadas. Sua fotografia, que começou nas pistas de skate registrando manobras e movimentos urbanos, evoluiu para uma ferramenta poderosa de documentação social e preservação de memórias.
A imagem “Afeto e Resistência na Esplanada“, finalista na categoria Imagem Destacada do Prêmio Portfólio FotoDoc 2025, sintetiza perfeitamente sua abordagem humanista. Realizada durante o Acampamento Terra Livre (ATL) 2025, em Brasília, a fotografia transcende o registro documental para revelar a dimensão do cuidado e da união como formas de resistência. Mais do que capturar um momento, a imagem traduz visualmente a potência dos laços comunitários que sustentam movimentos sociais, demonstrando como o afeto se torna ato político em contextos de luta. O trabalho reflete anos de trânsito de Augusto entre a arte, o documentário e o registro de mobilizações sociais, sempre com sensibilidade para revelar o calor humano mesmo em situações de enfrentamento.
Conheça mais sobre esta imagem emblemática e os projetos do fotógrafo na entrevista que segue.
Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
Tenho 27 anos e moro em Rio do Sul, no interior de Santa Catarina. Trabalho há 11 anos na área da comunicação e considero minha principal missão dar voz às pessoas marginalizadas. Atualmente, meu principal meio de atuação e renda é o audiovisual.
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Comecei a me aproximar da fotografia na adolescência, inicialmente por meio do skate, registrando manobras e o movimento urbano. Com o tempo, passei a cobrir festivais e assim, conheci a comunicação popular, registrando ações, manifestações e mobilizações sociais. Em 2015, participei do “Emergências”, no Rio de Janeiro, considerado na época o maior encontro de mídia colaborativa da América Latina.
A partir daí, ampliei meu trabalho para a produção de curtas, séries e documentários, atuando como diretor de fotografia, operador de câmera e diretor geral. Mais tarde, expandiu para fotografia de produtos e ensaios para marcas e bandas. A fotografia, para mim, é uma forma de contar histórias, preservar memórias e fortalecer causas.
Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do Prêmio Portfólio FotoDoc 2025. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
Afeto e Resistência na Esplanada foi realizado em Brasília, durante o Acampamento Terra Livre (ATL) 2025. Minha intenção foi evidenciar que a resistência também se constrói pelo cuidado e pela união. Essa fotografia se encaixa de forma natural no meu trabalho, que há anos transita entre arte, documentário e registro de movimentos sociais, sempre buscando traduzir o calor humano presente mesmo em contextos de enfrentamento.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Atualmente, desenvolvo projetos documentais e conteúdos para redes sociais, além de acompanhar comunidades indígena e cafuzas em mobilizações e no fortalecimento de suas narrativas visuais. No futuro próximo, quero aprofundar meu trabalho autoral com séries fotográficas que articulem memória, identidade e território, explorando tanto exposições físicas quanto publicações independentes. Também desejo contribuir para a valorização da fotografia e da comunicação popular na região onde vivo, oferecendo formações e apoiando o surgimento de novos comunicadores populares.