O corpo carrega memória apresentando nossas variadas facetas. A expressão facial revela a complexidade do que é viver. Sem o uso de palavras, a expressão oferece nossa intimidade. Manifesta o enigmático, as histórias que nunca foram contadas, os silêncios, o incompreensível. Transparece o desconhecido por nós mesmos. O corpo revela o óbvio e o impreciso do que é estar vivo.
O que somos se não o amontoado de memória que carregamos? Desde a gestação materna às vivências dos nossos antepassados, carregamos traços dos passos daqueles que descendemos. Nascemos sozinhos mas não chegamos sós. Somos consequência das nossas interações e interações dos parentes que vieram antes de nós, inseridos em seus ambientes sociais. O corpo se desenvolve por histórias conectadas em séculos construídas lentamente como uma paisagem.
Somos a extensão das redes de conexão de familiares que se movimentaram criando novas memórias. Histórias movidas por ciclos econômicos em que pessoas buscam trabalho e melhorias, articulando os rumos deste país continental. Histórias pessoais que se fundem a contextos históricos construindo um Brasil plural. Produzindo os Brasis de variada paisagem corporal.
O corpo apresenta a memória em sua paisagem. O Corpo Paisagem expõe o vigor e a vulnerabilidade pela ordem do mistério. A troca de olhares com as imagens irradia e atravessa a solidariedade do espectador. Solidariedade no sentido da palavra de pertencimento a este país plural. Um exercício que busca encontrar semelhanças a partir das diferenças. O Corpo Paisagem revela a nossa enorme potência e captura nossa onipotência quando expõe através das expressões os limites do ser humano. O Corpo Paisagem humaniza nos aproximando.