No ano de 2022 Chile ficou bastante movimentado com o plebiscito de uma nova Constituição e isso era visível por meio das ruas que se tornaram palco de grandes manifestações. Mesmo após semanas e meses da votação, as manifestações continuaram a acontecer em uma intensidade diferente das manifestações pré-votação, mas ainda com a tensão típica desse tipo de situação social. Conflitos diretos e indiretos ocorriam entre policiais e manifestantes a qualquer hora do dia e a tensão era sentida no ar até mesmo por nós, não habitantes (visitantes) da região.
E apesar dos conflitos e da tensão entre manifestantes e policiais nas ruas de Santiago, um fenômeno interessante acontecia: a vida comum e corriqueira dos moradores. Por ser algo cotidiano, poderia até ser visto como algo de segundo plano, diferentemente da tensão que explode aos nossos olhos, mas a realidade é que as pessoas continuaram a viver suas tarefas diárias, adaptando-se à realidade da situação atual. Levar e buscar os filhos na escola, ir para o trabalho, pegar trânsito, comércios abertos (mas com a porta meio abaixada no momento dos confrontos) são apenas alguns exemplos de como a vida persiste em continuar mesmo diante das instabilidades sociais. E as imagens mostram como é necessário um certo “esforço” para ver o que é “comum e corriqueiro”.
Assim, no mesmo lugar é possível ver os manifestantes, a polícia, os equipamentos e carros prontos para o conflito, e as pessoas na rua vivendo e sentindo a situação de variadas maneiras: apreensão, normalidade, desinteresse, curiosidade…
O que nos leva a questionar: lutamos para sobreviver ou sobrevivemos para lutar? De que forma lutamos?