Maior floresta tropical do planeta, a Amazônia vem sofrendo com o ataque de desmatadores em anos recentes. Em 2022, o desmatamento na Amazônia brasileira atingiu proporções inéditas. Fotógrafo freelancer voltado principalmente a questões ambientais e socioambientais, Michael Dantas vem registrando essa realidade.
Em uma viagem que realizou ao sul do Amazonas, em região próxima à Rodovia Transamazônica, entre os municípios de Humaitá e Lábrea, em setembro de 2022, Michael Dantas fez uma imagem aterradora. Com uso de um drone, conseguiu captar a dimensão da destruição na imagem intitulada Desmatamento e queimadas no Sul do Amazonas, uma das finalistas na categoria Imagem Destacada do Prêmio Portfólio FotoDoc 2023.
Conheça melhor o contexto dessa imagem e do trabalho de Michael Dantas.
Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
Tenho 37 anos, sou freelancer e colaboro com a Agence France-Presse, AFP.
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Meu pai era jornalista, cresci no meio de jornalistas e fui influenciado por conta disso, meu primeiro emprego foi com 18 anos, meu pai me deu uma pequena câmera e disse: estão precisando de um fotógrafo em tal lugar, vai lá amanhã fazer um teste que essa vaga tem que ser sua. Eu fui e desde aquele dia não parei mais de fotografar. Comecei fazendo assessoria de imprensa, depois passei pelos jornais locais e hoje eu sou freelancer.
A fotografia faz parte da minha vida há quase 20 anos, é meu trabalho, meu hobby, minha primeira e única atividade, eu nunca trabalhei com outra coisa na vida a não ser como fotógrafo e pretendo viver disso pra sempre.
Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do PPF 2023. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
Fiz essa foto em setembro de 2022 em um trecho da BR-230, também conhecida como Rodovia Transamazônica, entre os municípios de Humaitá e Lábrea, no sul do Amazonas. Eu nasci e me criei na Amazônia e de uns anos pra cá eu passei a me interessar mais pela questão ambiental e socioambiental que ocorrem aqui na região, percebi com um tempo que é nosso dever proteger e denunciar crimes ambientais que estão ocorrendo aqui.
Eu já tinha feito esse trabalho uma vez no sul do Amazonas e ano passado tive a oportunidade de ir novamente, foi uma mini expedição que fiz junto com o amigo e também fotografo Edmar Barros, em 12 dias percorremos 3 mil quilômetros pela região do sul do Amazonas e vimos muita destruição e crimes ambientais acontecendo livremente, sem fiscalização nenhuma e isso piora a cada ano. Pretendo voltar lá novamente este ano para documentar e denunciar esses crimes.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Meu trabalho é voltado para o fotojornalismo e fotografia documental. Tenho planos para lançar um livro sobre a Amazônia, estou trabalhando para isso.