Para Carlos Pires, a fotografia é uma forma de expressar a força e a determinação do povo periférico. Morador do Jardim São Pedro, em Guaianases, na zona leste de São Paulo, ele atua como produtor audiovisual da Black Pipe Entretenimento e começou a fotografar há dois anos.
Carlos Pires volta suas lentes para projetos que destacam a negritude e a realidade da periferia. Um dos principais projetos ao qual se dedica atualmente é a documentação sobre o time de futebol de várzea Jardim São Pedro, um dos mais tradicionais da zona leste de São Paulo, fundado em 1968.
Com a foto “Força Negra no Set: Transformando Histórias com Paixão”, ele é um dos finalistas da categoria Imagem Destacada do Prêmio Portfólio FotoDoc 2023. A imagem faz parte do making-of que registra a produção de um documentário sobre os 40 anos do Centro Cultural São Paulo (CCSP), tradicional espaço de arte na capital paulista.
Descubra um pouco mais do trabalho de Carlos Pires e de seus projetos no campo da criação fotográfica.
Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
Eu tenho 31 anos, sou morador do Jardim São Pedro em Guaianases zona leste de São Paulo. E trabalho com fotografia e produção audiovisual
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Eu comecei a fotografar há dois anos. Anteriormente, eu já fazia registros dos bastidores de alguns trabalhos da nossa produtora, mas não colocava meu nome nos créditos, era apenas para fins de relatórios. No entanto, há dois anos, comecei a explorar esse lado da fotografia e comecei a realizar meus próprios trabalhos autorais, sempre buscando trazer questionamentos e destacar a negritude e a realidade da periferia.
O papel da fotografia na minha vida é praticamente tudo. Através da minha lente, eu levo o nome da minha comunidade e mostro a realidade do nosso povo, desde a alegria até a tristeza.
Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do PPF 2023. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
Essa foto foi tirada em 2022 no Centro Cultural São Paulo durante um intervalo nas filmagens. Estávamos gravando o documentário “CCSP 40: Memórias e Horizontes”, uma colaboração entre minha produtora, Black Pipe Entretenimento, e o Coletivo Coletores, vencedores do Prêmio Pipa. Ambos são coletivos periféricos da zona leste de São Paulo, envolvidos na produção deste documentário sobre o maior centro cultural da América Latina.
Tive o prazer de ser responsável pelo making-of desse projeto, e a equipe de filmagem era composta exclusivamente por pessoas negras. Registrar esse momento de duas pessoas negras rompendo estereótipos é algo que se alinha perfeitamente com a proposta do meu trabalho, que busca promover a representatividade.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Atualmente, faço parte da Black Pipe Entretenimento, uma produtora multimídia que também funciona como um coletivo de artistas. Nosso foco principal é o trabalho periférico e ações sociais nas periferias, com uma atuação significativa na zona leste de São Paulo.
Meus planos futuros incluem continuar trabalhando no meu projeto chamado “O Resgate”. Nele, estou registrando e organizando o acervo do time de futebol de várzea Jardim São Pedro, um dos times mais tradicionais da zona leste de São Paulo, com uma história longa desde 1968. Minha ideia e sonho é realizar uma exposição desse trabalho e levar as pessoas da minha comunidade para instituições e galerias, representando-as de uma maneira verdadeira, mostrando a força e a determinação do povo periférico.