Em seu trabalho comercial como fotógrafo, Bruñel Galhego Ricci atende agências publicitárias, empresas, produtoras de cinema e TV. Em seu trabalho autoral, concentra-se principalmente na fotografia de rua, usando câmera analógica e filme P&B.
Sua série “Manequins”, produzida a partir de 2002, é uma das finalistas na categoria Ensaio do Prêmio Portfólio FotoDoc 2023. É composta por imagens de manequins recolhidas nas ruas da cidade, que oferecem uma abordagem inusitada e surrealista. O trabalho permeia a produção fotográfica de Bruñel Galhego Ricci e ainda hoje continua a ser desenvolvido.
Entenda como esse trabalho se insere na produção do fotógrafo.
Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
Tenho 49 anos e vivo em São Paulo desde 1994. Sou fotógrafo freelancer em trabalhos publicitários, marketing de empresas e em Cinema e TV, além do meu trabalho pessoal que em sua maior parte eu o faço com filmes em branco e preto e câmeras analógicas.
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Acredito que antes de começar a fotografar eu já era uma pessoa visual, morando no interior de São Paulo.
Em 1994 quando venho morar na capital, tenho meus primeiros contatos com a fotografia conhecendo pessoas trabalhando na área e com colegas que também estavam iniciando na profissão, o que fez despertar mais o meu interesse pelo assunto. A partir dali consigo minha primeira câmera, uma Pentax KM, e começo a fotografar cenas da rua e de família e amigos, já me interessando mais pelo preto e branco.
Para aprimorar a técnica e desenvolver a minha fotografia, lá pelos idos de 1995 eu começo a trabalhar como assistente de eletricista e iluminador em produções cinematográficas e filmes publicitários, passando depois a assistente em estúdios de fotógrafos que trabalhavam com publicidade e revistas de moda e comportamento, até eu começar a fotografar profissionalmente por volta de 2003 até o presente.
Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do PPF 2023. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
Acredito que as imagens dos manequins sempre estiveram por aqui, no meu imaginário. Provavelmente estão relacionadas com o cinema, com os filmes e livros que vi e li. Me sinto atraído e instigado sempre que me encontro com eles. Vejo neles algo além do objeto inanimado, me parecem sempre quererem fazer contato, mesmo aqueles que nem traços, desenhos e pinturas de feições possuem.
A primeira fotografia que fiz de um manequim foi por volta de 2002, quando encontrei um com belas expressões, encostado em um canto de um estúdio. Depois em 2006 fotografei alguns ao encontrá-los de repente expostos em frente a uma loja de entulhos, onde pareciam estar reunidos discutindo as relações.
Entre os anos de 2014 e 2019, em muitas das saídas que costumo fazer caminhando pela cidade para fotografar, comecei a me deparar com eles com maior frequência e em diversas situações, e foi quando surgiu o ensaio.
Eles me fascinam! Continuo a encontrá-los…
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Além do trabalho comercial, mantenho um trabalho autoral em fine art em sua maior parte composto por pessoas e lugares.
Não me regro muito na fotografia, e fotografo o que têm para mim movimento, mesmo estando inerte. Mesmo em ensaios, acredito que cada fotografia que faço tem e precisa ser única. Falar por si só.
Há sempre algo a ser fotografado. Não tenho como hábito buscar ideias que me levem a uma fotografia ou a um ensaio fotográfico. O meu viver diário é o que faz com que as minhas imagens surjam!