Com uma carreira na Assessoria de Comunicação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Raquel Hoefel Barcellos pratica a fotografia como uma terapia, uma oportunidade de se desconectar. Foi num desses momentos que ela realizou a foto intitulada Profissão em extinção, finalista na categoria Imagem Destacada do Prêmio Portfólio FotoDoc 2023.
Ela estava de férias passeando pelas ladeiras de Salvador quando se deparou com um ferreiro atuando com afinco em sua ocupação. Não deixou passar a oportunidade e registrou a cena, cada vez mais rara nos dias de hoje. O tratamento dado à imagem ressalta a dureza da profissão.
Descubra um pouco mais sobre o trabalho de Raquel Hoefel Barcellos como fotógrafa.
Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
Sou porto-alegrense, tenho 46 anos e a 9 anos sou inspetora da Polícia Civil do Rio Grande do Sul.
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Sempre fui uma apaixonada por artes, por influência do meu avô materno, e a fotografia era uma das áreas que me encantava. Na busca de uma recolocação no mercado de trabalho encarei a fotografia, antes hobby, como uma possível profissão a ser explorada. Em 2008 fiz parte da equipe de produção do primeiro Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre – FestFoto Poa, ambiente em que tive a oportunidade de conhecer alguns fotógrafos renomados que me incentivaram a investir na fotografia. Quase que um caminho natural, acabei profissionalmente na fotografia esportiva uma vez que o esporte sempre esteve presente na minha vida por meio dos meus pais e familiares. Os primeiros trabalhos cobrindo algumas corridas de rua e triathlon me renderam o lugar na equipe de repórter da Revista Contra Rélogio. Sempre trabalhando como freelance em busca um concurso público para conseguir estabilidade financeira. Em 2014 ingressei na Polícia Civil do RS, mas a fotografia me oportunizava a fuga da nova realidade, o contato com a violência. Em 2019 passei a integrar a Assessoria de Comunicação da Polícia Civil. E neste tomei gosto em fotografar as operações policiais, as expressões do momento que envolve adrenalina, parceria e dinamismo.
A fotografia na minha vida serve como uma terapia; é o momento que tenho de me desconectar, e de registrar a essência do momento, de uma admiração por um estado quase irracional de conexão com o que está passando naquele momento. É a minha capacidade de ver “sem ver” e de conhecer “sem conhecer”.
Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do PPF 2023. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
A foto, Profissão em Extinção, foi um desses momentos de ver sem ver e de conhecer sem conhecer. Estava de férias em Salvador, caminhando pelas ruas para conhecer a cidade, meio distraída pelo calor que estava fazendo, quando na Ladeira da Preguiça ou da Conceição, não tenho certeza, vi o senhor ferreiro trabalhando. Estava do outro lado da rua, fiquei observando a plasticidade do trabalho árduo. Do corpo suado, das fagulhas voando e da fuligem no ambiente. Atravessei a rua, conversei com o senhor, para saber um pouco da história dele naquele oficio e pedi permissão para fotografá-lo. Fiquei um tempo absorta no momento, fiz alguns registros e voltei a minha caminhada pela cidade. Dias depois voltei para Porto Alegre e resolvi fazer um tratamento na foto para que todos os pequenos detalhes aparecessem e foi esse o resultado que os senhores estão vendo.
A proposta é o acaso, tenho fascínio em documentar pessoas em situação que fogem um pouco do senso comum, sem elas perceberem.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Ah então, não tinha parado para pensar que poderia desenvolver um plano para uma produção fotográfica, creio que este estímulo todo desse concurso vai me fazer ter mais atenção e auto estima quanto ao que posso produzir.