CONVIDADO FOTODOC
Fotógrafo há mais de 30 anos e fundador da ONG ImageMagica , André François se interessou por histórias sobre saúde e, desde 2006, realiza seus trabalhos dentro desse tema. Publicou 10 livros sobre o tema.
André é integrante da Coleção Pirelli Masp de Fotografia, um dos acervos mais importantes do país. Recebeu o prêmio Conrado Wessel em 2008 e foi finalista também em 2009. Com a chegada da pandemia, criou o projeto Conexões do Cuidar, que conectava pacientes isolados nos hospitais com seus familiares por meio de videochamadas, e recebeu o prêmio Empreendedor Social da Folha de S.Paulo em parceria com a Schwab Foundation em 2020.
Thandi Bikwa
58 anos, viúva, 4 filhos, tem uma creche que cuida de crianças
Orange Farm, Johannesburgo
É Gogogetter desde 2008 e cuida de 40 crianças. Também tem uma creche, que abriu em 1998 e cuida de 65 crianças.
As Gogogetters são avós, geralmente que perderam seus filhos com HIV que adotam crianças que também podem ter perdido os pais por causa do HIV. Como os índices de HIV são altos entre os adultos, muitos morrem em uma idade intermediária entre avós e crianças. Esses dois lados se juntam e fortalecem um ao outro, melhorando as relações das crianças e dos mais velhos.
O papel da Gogo é se certificar que as crianças estão em um ambiente seguro de moradia, que frequentam a escola, que se alimentem e que tenham desafios para se desenvolverem e ser jovens de futuro. As Gogos não moram com as crianças, mas estão nas mesmas comunidades e se certificam que essas crianças estão em boas condições de vida.
À tarde, fizemos uma visita com os médicos a La Charité, uma casa de caridade que segue os ensinamentos de Madre Teresa de Calcutá. Hermana Guadalupe nos guia pelos corredores da casa, que tem 2 andares e agora está sobrecarregada com pacientes vítimas do sismo. Ela nos conta que La Charité aqui existe há 15 anos, e abriga cerca de 120 crianças órfãs e cerca de 180 adultos. Ela fala um pouco do estigma da amputação para os haitianos: “sem uma perna, não podem trabalhar; sem trabalho, precisam pedir; e aqui, ninguém dá nada, as pessoas não têm o dar para as outras, elas não têm nem para elas mesmas”.
Guadalupe conta que muitas crianças chegam com desnutrição na Charité, e que depois de cuidadas, as irmãs as colocam em um programa para receber uma cota de comida mensalmente. Só assim elas conseguem fazer com que as mesmas pessoas não tenham o mesmo problema diversas vezes.
Antes de partirmos, perguntamos para hermana Guadalupe o que estava escrito na fachada do prédio e elas nos traduz: “juntos, hacemos algo hermoso para nosotros. Madre Teresa dizia isso; que nós não temos o conhecimento de vocês, médicos, mas temos o outro lado, que é cuidar dos pacientes depois, então juntos, podemos fazer algo bonito para todos nós”.
Encontramos com Douglas Espírito Santo e Anna Bertoldi no corredor e ficamos felizes de ver carinhas conhecidas. Eles estão bem e firmes na emergência COVID. Trabalham em dupla: enquanto um está dentro da área vermelha, o outro fica do lado de fora dando suporte. Vimos também a Rosa Busch, médica da UTI da unidade. Ela também segue firme e forte e parece bem.
Anna me conta que desde o começo da pandemia não visita a família, que é de Uberaba. A pandemia foi decretada em 11 de março pela OMS e a partir do dia 23 de março, o governo do Estado e prefeitura de São Paulo já decretaram a quarentena e fechamento dos comércios. A última visita que Anna fez para a família foi em fevereiro. Ela sente muitas saudades de todos, dos pais, seu irmão e, principalmente, sua sobrinha, bebê que é sua paixão, em suas palavras.
Acompanhamos com Anna e Douglas a chegada de uma ambulância vinda de Brodowski, cidadezinha próxima à Ribeirão Preto. Eles ficaram de nos avisar para corrermos para dentro da emergência se houver um caso. É uma parte importante da história que estamos batalhando. Com Douglas, entramos na emergência todo paramentado e aguardamos a chegada da ambulância. Ele logo conversa com os socorristas sobre a paciente. Socorristas: Sandro Marcolino Cabral e Letícia Barbosa Leite Rezende.
Família Ma, Hani minority – Duoyishu, Yuangyang
Ma Fuchang, de 67 anos, chefe da família, e Ma Daming, 66 anos, sua esposa, tem 3 filhos. Um deles estava em casa: Ma Xiongwei, 37 anos, tem 1 filha e está separado da esposa, trabalha com bicos, em construções.
Encontramos Sun Mei, que nos leva até as casas das famílias da vila. A primeira que conhecemos é da família Ma. O filho, Ma Xiongwei, de 37 anos, está almoçando mais tarde e nos recebe muito bem. Começamos a conversar com ele, que conta um pouco sobre sua vida. Como aqui tem pouco trabalho e a agricultura não gera renda para a família, geralmente os homens mais novos saem para a cidade grande à procura de empregos que paguem melhor. Xiongwei já trabalhou em diversas províncias da China, mas ele conta que alguns empregos são difíceis, como quando trabalhava em uma mina todos os dias da semana, por 12 horas sem tempo para descansar. Hoje ele tem seu braço machucado e aguarda a recuperação para voltar ao trabalho. Ele caiu da escada em uma construção e desde então, está parado. Assim, a família também sofre, pois não tem nenhuma renda. Apesar de Ma Fuchang, de 67 anos, chefe da família, e Ma Daming, 66 anos, sua esposa terem 3 filhos, Xiongwei é o que ajuda nas despesas da casa. Acompanhamos um pouco a rotina da família e finalmente o André fica satisfeito com as fotos. A luz está linda dentro da casa e o local é muito interessante e tradicional. O fogo no meio da casa que serve para cozinhar também ajuda a criar um drama nas imagens. Para completar, Xiongwei fuma alguns cigarros e um bong com água e tabaco, típico do povo Hani. Tudo corre bem e pedimos para voltar amanhã.
No dia seguinte, andamos até a casa da família Ma, que conhecemos ontem. Eles já tinham terminado o café da manhã, mas uma cena linda acontecia dentro da casa, iluminada pela pequena porta e janela. A mãe, Ma Daming, 66, anos, cuidava do braço machucado de seu filho, Ma Xiongwei, 37 anos, que se aci
Yanomami. Franciere e Xoana, que são ajudantes de AIS. O AIS é a ponte entre a cultura yanomami do xapore, o pajé, e a medicina do homem branco. O seu papel é de vigilante da maloca. Os ajudantes de AIS não são remunerados.
Foto de André François, convidado do Festival FotoDoc 2024
Com Bia vamos até o leito de Danilo Henrique da Silva, um jovem de 23 anos que sofreu um acidente e ficou tetraplégico. Já está no hospital há alguns meses e não tem alta porque a família não tem condições de cuidar do menino em casa. Na chamada, conseguimos reunir toda a família. Seu pai, que é separado da mãe, irmãos, o sobrinho e a mãe, Mara Lúcia Martines Garcia. Foi emocionante ver todos da família se comunicando com o jovem tão debilitado com as sequelas do acidente. A equipe do hospital diz que Danilo está em cuidados paliativos. Quase ao final da chamada com Danilo, o jovem teve uma intercorrência que fez com que nós saíssemos discretamente do quarto com a família na chamada para a finalização. Uma enfermeira passa no corredor e fala para nós não nos preocuparmos pois, se algo acontecesse com Danilo, ele partiria bem por ter falado com toda a família e que proporcionamos a ele um momento extremamente especial.
Falamos com Luciana e vamos com ela fazer algumas visitas a pacientes. O prédio tem uma estrutura que dois quartos de sua ala têm uma janela que dá para uma varanda do lado de fora. Nesses quartos, é assim que Luciana faz sua visita e acompanha os pacientes. Assim, ela fica menos exposta e economiza EPIs. Fala com seu João Ernesto de Souza (12.02.1958), morador de rua que foi internado há alguns dias. Ele está bem melhor, só aguardando alta. Ainda não dispensaram ele porque estava morando num abrigo e podia contaminar outros colegas. Ele não quis autorizar o uso de suas imagens, embora tenha permitido o André fotografar.
Vamos, na sequência, para a janela do quarto de Edvaldo Marques dos Santos (08.11.1981), de 38 anos. Ontem ele teve uma piora de quadro e consideraram intubá-lo, mas hoje está bem melhor. Ele fica com uma máscara ligada a um respirador, que o ajuda a melhorar. Ele vem até a janela para falar conosco. Na verdade, quase não fala, pois tem muita dificuldade em respirar. Murilo Lamano, fisioterapeuta, se prepara para entrar no quarto de Edvaldo. Acompanhamos seu atendimento da janela. Depois entra Creuza Maria Pereira da Costa para fazer medicação. André fotografa.
Do corredor, André fotografa outra paciente também, Dione Aguida de Carvalho (02.12.1960), 59 anos enquanto Miriam Rita Figueiredo fica do lado de fora prestando atenção nos cuidados à paciente.
Finalizamos as fotos no 9º andar criando ainda mais vínculo com a equipe. Grande parte deles agora nos conhece melhor.
Distribuição de medicamento antiretroviral ARV na vila Elia. Os pacientes foram até lá, pois a estrada que dá acesso à Semonkong estava fechada há dias por causa da nevasca. Como precisavam dos medicamentos, esperaram a visita dos profissionais MSF para a distribuição dos medicamentos. O Lesoto é um pequeno país encapsulado pela África do Sul, e seu território está situado nas montanhas — quase todo o país está a mais de 2 mil metros acima do nível do mar. O povo, chamado Basotho, conseguiu a independência depois de ser colônia inglesa, e resistiu aos holandeses (boers) na época de expansão do território sul-africano com o apoio da Inglaterra, mas perdeu grande parte de seu território, que hoje se configura em Free State, província da África do Sul. Seu rei e grande líder foi Moshoeshoe, e hoje o país é governado pelo neto de Moshoeshoe I, conhecido por Moshoshoe III. É um país de guerreiros das montanhas. O povo é diferente do da África do Sul. As pessoas são muito bonitas. A maior parte da população está concentrada em áreas rurais. No geral o país tem muitas pessoas vivendo em condições muito simples. As maiores riquezas do país são água e diamantes.
O sistema de saúde é público e particular, mas o acesso aos serviços de saúde é um dos grandes desafios do país. O deslocamento de pessoas até o centro de saúde mais próximo renderá várias horas de caminhada e, às vezes, com o clima mais frio das montanhas, enfrenta-se dificuldades na locomoção devido às baixas temperaturas e neve.
Nas montanhas é comum se ver os homens nos cavalos, os burros carregando sacos de milho, senhores com seus rebanhos de ovelhas ou vacas a andar pelas terras. As vilas são compostas de pequenas casas muito simpáticas, as roudavels, ou mokhoro, na lígua sesotho.
O MSF (Medecins Sans Frontieres) está no país desde 2006. O projeto está focado em diagnosticar pacientes com HIV/Aids e iniciá-los no tratamento. O índice do pa
primeira parte da vacinação das equipes de saúde do Hospital Tide Setúbal contra a covid-19.
yanomami. Curso do Bruno de formação dos agentes de saúde indígenas, AIS, no posto de saúde do Xitei. O AIS é a ponte entre a cultura yanomami do xapore, o pajé, e a medicina do homem branco. O seu papel é de vigilante da maloca. Franciere é ajudante de AIS e esposa do Gracione. Na turma há por enquanto 4 mulheres.
Buffalo wall: a parede de búfalos começou a ser construída pela comunidade em 2007. É uma grande parede feita de pedras e empilhada para evitar que os búfalos do parque saiam de lá à procura de alimentos onde vive a comunidade.
Buffalo Wall: uma parede imensa de pedras construída pela comunidade desde 2007 que tem 74km e margeia todo o parque, até a fronteira com Uganda. Ela foi construída para demarcar os limites do parque e das terras dos camponeses, que cultivam batatas nos campos. Os búfalos, que vivem no parque, costumavam cruzar a fronteira do parque para a comunidade e destruir todo o campo de plantação de batatas. Para evitar as visitas de búfalos e conservar os plantios, a comunidade e o parque se organizaram para viabilizar esse trabalho.
Subimos uma montanha por cerca de 40 minutos até chegarmos onde os trabalhadores estavam. Cerca de 20 homens e mulheres carregavam incansavelmente as pedras de um lado para o outro, levando até os homens que estavam no muro consertando uma parte da parede. Um búfalo havia passado por lá e o local precisava de reparos.
Em meio aos campos de batata, há também pequenas cabanas espalhadas para a vigilância do lugar. Durante a noite, um dos trabalhadores dormirá na cabana e ficará atento a qualquer barulho ou visita de búfalo para espantá-lo de volta ao parque.
Gostamos da iniciativa por preservar tanto a vida e a conservação do parque e dos animais quanto por manter as atividades da comunidade.
PARQUE NACIONAL DOS VULCÕES – VOLCANOES NATIONAL PARK
Área da floresta: 320 km2 (160 km2 pertencem ao parque e o restante, à comunidade)
Área do parque: 160 km2
Criação do parque: 1925 – conhecido como o primeiro parque nacional da África
Ícones do parque: visitação dos gorilas e Dian Fossey, americana que dedicou sua vida aos gorilas e ao parque. Foi assassinada aqui, por defender os gorilas e criticar a matança desses animais, e está enterrada no parque.
O Parque Nacional dos Vulcões é um
alta do paciente Richard Rodrigues de Paula Silva, de 26 anos. Sua mãe, Sandra Aparecida Rodrigues de Paia Silva testou negativo para COVID-19. A equipe de saúde abriu uma exceção no caso de Richard para que ela o acompanhasse, pois ele tem síndrome de down e ficaria bem mal sozinho. A equipe comemora sua alta médica.
Em Ramabanta, o índice de HIV é muito alto, chega a 40%. pacientes na fila de espera para o atendimento em Ramabanta Health Center. O Lesoto é um pequeno país encapsulado pela África do Sul, e seu território está situado nas montanhas — quase todo o país está a mais de 2 mil metros acima do nível do mar. O povo, chamado Basotho, conseguiu a independência depois de ser colônia inglesa, e resistiu aos holandeses (boers) na época de expansão do território sul-africano com o apoio da Inglaterra, mas perdeu grande parte de seu território, que hoje se configura em Free State, província da África do Sul. Seu rei e grande líder foi Moshoeshoe, e hoje o país é governado pelo neto de Moshoeshoe I, conhecido por Moshoshoe III. É um país de guerreiros das montanhas. O povo é diferente do da África do Sul. As pessoas são muito bonitas. A maior parte da população está concentrada em áreas rurais. No geral o país tem muitas pessoas vivendo em condições muito simples. As maiores riquezas do país são água e diamantes.
O sistema de saúde é público e particular, mas o acesso aos serviços de saúde é um dos grandes desafios do país. O deslocamento de pessoas até o centro de saúde mais próximo renderá várias horas de caminhada e, às vezes, com o clima mais frio das montanhas, enfrenta-se dificuldades na locomoção devido às baixas temperaturas e neve.
Nas montanhas é comum se ver os homens nos cavalos, os burros carregando sacos de milho, senhores com seus rebanhos de ovelhas ou vacas a andar pelas terras. As vilas são compostas de pequenas casas muito simpáticas, as roudavels, ou mokhoro, na lígua sesotho.
O MSF (Medecins Sans Frontieres) está no país desde 2006. O projeto está focado em diagnosticar pacientes com HIV/Aids e iniciá-los no tratamento. O índice do país está em mais de 23% da população com HIV. No entanto, as dificuldades estão em trazer os pacientes para fazer o teste de HIV para os centros de saúde ou l
Hay project em Lokusero:
Hay project (projeto de feno), que é uma iniciativa nova para produzir e estocar o feno para que durante a seca seja a alimentação dos animais. Dessa forma, a comunidade poupará as árvores da região, preservando o ambiente e mantendo seu rebanho. Encontramos Patrick Tema Karmushu, de 13 anos, que estava perto pastoreando com seus animais. Ele entra na plantação de feno junto com André (os dois passam embaixo de uma cerca elétrica e depois pulam uma cerca de arame alta para entrar no terreno). As fotos rendem!
Discutimos a importância da preservação não só da natureza, mas do modo de vida do homem. Alguns projetos de conservação expulsam os homens que vivem em algumas áreas durante anos, décadas, sem alguma consideração. São pessoas que depois ficam marginalizadas em outras áreas e perdem sua maneira de viver. Percebemos que a Il Ngwesi se preocupa não só com a conservação da vida selvagem e da natureza, mas também dos maasai e como manter seu modo de vida coexistindo. Isso, para nós, é o mais importante sobre essa iniciativa. Il Ngwesi (il: pessoas / ngwesi: animais)- Il Ngwesi Group Ranch:
A ideia começou em 1994 do contato de Ian Craig, da Lewa Wildlife Conservancy (LWC) com os maasai, que os incentivou a se organizarem para obter renda do turismo ecológico. A comunidade, no início, foi relutante, mas perceberam que havia um grande potencial na iniciativa. Os maasai de 7 comunidades se organizaram para criar um espaço de conservação que atraísse pessoas do mundo todo e que houvesse uma hospedagem com um conceito diferente. Em 1995, começou a construção do lodge, que abriu suas portas no ano seguinte. Toda a construção do lodge foi feita pelos maasai com elementos da natureza. Troncos e barros constituem as paredes; fibras naturais dão cobertura para os telhados. Cada quarto é único e aberto à natureza. As paredes são baixas e possibilitam ao visitante apreciar a vista das montanhas o tempo in
Kibera
Começamos a andar por Kibera logo cedo. Ainda tinha uma neblina no ar e o céu estava bem nublado. Conhecemos um espaço chamado Kinchinjio, que significa matadouro em suahíli, pois perto de lá havia um. Kinchinjio é um pedaço grande de terra, que faz fronteira com o campo de golfe, de um grupo de pessoas da comunidade que foi conseguindo aos poucos com o chefe de governo do local e com os mais velhos (ambos detêm o poder na comunidade). Aos poucos, o empenho do grupo foi mostrando que eles poderiam e mereciam ter mais terra e o espaço foi ampliando. O grupo que toma conta do espaço tem 18 membros ativos, mas mais de 4 mil pessoas se beneficiam do espaço:
. Há atividades educacionais para que as pessoas aprendam sobre o plantio e agricultura
. Há distribuição gratuita de sementes e mudas
. Há a colheita para os membros do grupo; o excedente eles vendem.
O plantio de lá é variado: folhas, tomates, abóbora, berinjela, cana de açúcar, moringa (que eles chamam de árvore da vida, pois há inúmeras utilidades). Ficamos muito felizes com a iniciativa e continuamos nossa jornada. Teremos somente a manhã hoje para tentar melhores fotos; há uma que André viu no celular do Musa que o encantou: um grupo de mulheres muçulmanas trabalhando em uma estufa. Esperamos conseguir essa imagem. conhecemos a ong francesa, Solidarities International, que ensina e incentiva o plantio em sacos de estopa gigantes. A sacada da iniciativa é verticalizar a agricultura, podendo plantar mais em menos espaço. Vimos que nas favelas, os principais desafios dos moradores são: espaço, pois tudo é hiper concentrado e apertado; e o acesso à água. Pois é, a água… Se a gente já valorizava a água antes, agora, valorizamos cada pinguinho d’àgua. Aqui a vida não é fácil…
Essa iniciativa do plantio é genial. Além das pessoas terem acesso à alimentos altamente nutritivos, elas também têm a chance de se unirem como comunidade. Os plantios, geralmente, s
continuação dos retratos para os crachás humanizados do IC-HC. Ala de cuidados paliativos.
Ficamos por um tempo na rua, fotografando. Conhecemos Abe (vide história 2), que é de Ishinomaki, mas agora mora em Sendai por causa do trabalho. Ela é muito simpática conosco. Agradece nossa presença lá, elogia os olhos do André. Ela conta com muita tristeza e lágrimas nos olhos que está à procura de seus pais. Seu chefe no trabalho deu alguns dias de folga para ela ir até a cidade procurá-los. Antes, não havia como entrar na cidade, pois os destroços tomavam conta de diversos quarteirões. Até agora ela não tem notícias deles. Esta com esperança de encontrá-los.
Green Camel Bell NGO – ação de despoluição da água na vila Liang Jia Wan
À tarde, sairemos com o carro em busca da vila que pesquisamos com a NGO Green Camel Bell, até a vila de Liang Jia Wan, onde houve um projeto de acesso à água limpa que nos interessou. O carro vem nos buscar. Alugamos um 4×4 no caso da estrada que dá acesso à vila não ser boa. Depois do almoço, ele vem nos buscar no restaurante onde almoçamos (um que o André gosta muito, por sinal, pois tem saladas cruas e sem óleo, o que é ótimo!).
O motorista não sabe e o caminho, e pensamos em logo substitui-lo, mas logo, ele e Qian colocam o endereço da vila no mapa (que poucas pessoas conheceriam de qualquer forma) e conseguimos ir até lá. Uma hora depois estávamos na entrada da vila, e Qian conversa um pouco com algumas senhorinhas que estão sentadas em frente ao tempo. Nosso motorista dirige até um grupo de pessoas da vila que jogam cartas. De forma descontraída, senta no lugar do homem da mesa e de certa forma chefe da vila e diz a ele para recepcionar os visitantes internacionais. Ele fica encafifado e hesita, mas o motorista é insistente. Cheng, um homem de 69 anos que não aparenta a idade que tem, é uma espécie de líder local e conhece muitos moradores da vila Liang Jia Wan, que tem cerca de 4 mil habitantes.
Ele começa a caminha conosco de casa em casa e nos apresenta às pessoas, que são muito gentis, nos oferecem chá e o assento mais confortável do sofá. Estrangeiros são muito bem vindos… Os chineses vêem poucos estrangeiros por aqui, principalmente no interior, e ficam muito curiosos em olhar mais para as pessoas de fora, como se vestem, seus grandes olhos e, no caso do André, seu cabelo loiro. As casas nos surpreendem. A vila por fora é toda feita de ruelas e casas de tijolos aparente, mas quando cruzamos o portão de entrada, ficamos impressionados com as casas modernas e reformadas que vimos por dentro, como a de uma senhorinha que tem filhos bem suced