Em 2011, recebi um convite para mergulhar em uma expressão ancestral chamada Marujada, uma manifestação que, segundo registros, ocorre por toda a costa atlântica do estado do Pará e possivelmente até o estado do Maranhão. Como manifestação Cultural que se espraia por tão extensa área, em cada localidade, as comunidades “imprimem” à Marujada algo de seu, uma particularidade que torna única a Marujada apesar dos traços comuns que nos permitem reconhecê-las como parte da mesmo tronco, pois é antes de mais, uma festividade de devoção a São Benedito, o “Santo Preto”.
O convite recebido, portanto, em 2011, era pra registrar a Marujada em Quatipurú-Pa, município a cerca de 250 Km de Belém. E, dentro dessa Marujada, retive atenção à figura do Mascarado. Elemento indexado à procissão de encerramento, sem par em nenhuma das outras expressões da Marujada existentes no estado. A figura dos Mascarados, como brinquedo popular, dentro da Marujada, enquanto devoção a São Benedito, fez-me voltar ano após ano à festa do santo da água e do fogo.
O mascarado se integra ao passo que subverte. No jogo de rua, ele corre atrás das crianças ( e de alguns adultos), elas tentam revelar-lhes a face, roubando suas máscaras. Ao final, são os mascarados que sobem ao mastro adornado de brinquedos e distribuem para os pequenos. São também eles que levam os mastros derrubados para dentro do barracão, onde ocorre o encerramento da festividade de São Benedito. Na imagem (2022), o registro da primeira mulher que testemunhei ser autorizada a brincar entre os mascarados.