“…nenhum povo que passasse por tudo isso como sua rotina de vida através de séculos sairia dela sem ficar marcado indelevelmente…”
Este fragmento contido no livro O POVO BRASILEIRO – A formação e o sentido do Brasil, de um dos mais renomados intelectuais brasileiros do século XX, o antropólogo Darcy Ribeiro, nos leva a pensar no quanto o processo colonial definiu o que somos enquanto sociedade.
É a partir dessa provocação que se desenvolve o novo ensaio fotográfico intitulado ECO EGUM do fotógrafo Vinicius Xavier.
As profundas cicatrizes deixadas pela empresa colonial cristã no Brasil são evidentes. O país nunca abandonou de fato a sua visão de mundo escravista que se consagrou violentamente por essas terras do lado de cá do oceano atlântico.
O presente ensaio se apropria de algumas imagens de pessoas africanas escravizadas (do livro Escravos Brasileiros do século XIX na fotografia de Christiano Jr) e as insere num outro contexto. O cenário é a Feira de São Joaquim, mercado popular predominantemente negro na cidade com o maior contingente negro fora da África, Salvador-BA.
Nas imagens torna-se possível a convivência na mesma cena de ancestrais e descendentes.
O deslocamento físico, espiritual e temporal evidencia e questiona a própria passagem do tempo, as transformações, os desdobramentos. A fricção entre o passado e o presente nos questiona sobre quais as possibilidades de futuro que podemos vislumbrar visto que após séculos,
importantes questões históricas ainda não foram resolvidas, nem superadas. Ecoam…