Vista de cima, a paisagem dos Lençóis Maranhenses se desfaz em contorno, cor e silêncio. Suas lagoas não seguem lógica geográfica — elas desenham o que só a imaginação reconhece: um pássaro, uma mulher dançando, o mapa de um país, um olho que nos vigia.
Neste ensaio, a água se torna forma e linguagem. Moldada pela areia e pelo vento, ela assume gestos humanos, símbolos naturais e linhas abstratas. As imagens não apenas documentam — elas interpretam, ouvem, traduzem. Como se a terra, ao dormir, deixasse a água sonhar livremente sobre seu corpo.
“Onde a Água Sonha” é uma travessia aérea por um mundo em mutação constante, onde a natureza desenha, com precisão onírica, fragmentos do que somos — e do que imaginamos ser.

Como um gesto capturado no tempo, as dunas ondulam em ritmo com a luz. Uma mulher parece dançar entre sombras e texturas, feita de areia viva.

Ramos escuros se espalham como veias, revelando um mapa interno da terra. A imagem pulsa, como se o chão respirasse sob a pele branca dos Lençóis.

Entre os tons ocres e a textura líquida, surge a forma de um país — um Brasil visto não por suas fronteiras, mas por sua alma escondida na areia.

Delicada e solitária, a imagem evoca uma flor que desabrocha no silêncio. Água e areia desenham pétalas imaginárias no vazio do planalto arenoso.

Uma silhueta que arde — como o fruto que inspira sua forma. A pimenta ganha contornos no contraste entre o escuro da lagoa e o branco do entorno.

Vista de cima, a lagoa alada se projeta como um pássaro prestes a alçar voo. A paisagem ganha movimento e leveza, mesmo em sua quietude.

Uma lagoa em forma de olho vigia o deserto líquido dos Lençóis. É o olhar final do ensaio, onde a terra parece observar de volta quem a contempla.