Exilar-se não é apenas mudar de terra: é habitar o mundo com a certeza de ter deixado algo para trás que já não volta. Esta série nasce nas montanhas do Vale de Susa, onde a paisagem se torna abrigo e ferida. As casas de pedra, os caminhos vazios, a neve que cobre tudo como uma censura branca: cada imagem é um fragmento do desterro, um eco do que não se nomeia. Fotografo desde a memória, desde uma orfandade política, buscando no silêncio da paisagem uma forma de continuar dizendo.

As pedras guardam o que não se diz. Passos antigos, vozes que se apagaram, gestos que a memória ainda tenta tocar. O exílio também mora onde tudo parece parado.

A distância nem sempre é geográfica. Há olhos que olham como quem não pertence, como quem observa um país que nunca será seu. Exilar-se é aprender a ver sem ser visto.

Nem a neve reconhece os passos. Há uma solidão que não é escolha, mas condição. O corpo caminha, mas não chega. O exílio é essa travessia sem paradeiro.

Neste bosque ninguém fala, mas tudo lembra. As árvores se erguem como testemunhas antigas, guardando ausências, sussurros, e um frio que vem de antes do inverno.

Todo exílio tem sua noite. Neste bosque sem saída, as sombras não são apenas das árvores. Há medos antigos, memórias que doem, e perguntas que ninguém respondeu.

Há caminhos que parecem levar a algum lugar, mas são feitos só de névoa e intuição. O exílio ensina a andar sem mapa, com os olhos no que ainda não apareceu.

Sozinho, mas em pé. Este tronco desafia o vento, o tempo e o esquecimento. No exílio, às vezes basta permanecer para resistir. A solidão também é uma forma de insistência.