Para George Orwell “Quem domina o passado domina o futuro; quem domina o presente domina o passado”, em sentido parecido, essa reflexão ecoa em Ariella Azoulay ao afirmar que, “a fotografia é uma tecnologia de extração” (…) “Explicar a fotografia com base na narrativa de seus promotores é como registrar a violência imperial nos termos daqueles que a exerceram, declarando que eles haviam descoberto um ‘mundo novo’”.
Nesse cenário de tempos relativos e diversos, permeado por questões de representação e representatividade, REALEJO tensiona a reflexão do quanto do antes existe no agora.
Assim, como reflexo das relações humanas, o trabalho acontece a partir da sobreposição de fotografias da vida cotidiana contemporânea em imagens de painéis azulejares coloniais portugueses, estabelecendo um diálogo entre o efêmero e o perene, entre o antigo e o atual.
O ato de escavar, quase como um processo arqueológico, ancorado em vestígios do tempo passado no presente, REALEJO vai além da representação visual, convidando ao mergulho na multiplicidade de camadas, de tempos e de significados.
Assim como o tempo, que se desdobra em uma teia complexa de eventos não lineares, porém interconectados, REALEJO traz consigo múltiplas possibilidades de leitura e compreensão. É um convite para abraçar a diversidade, questionar as narrativas dominantes e reconhecer a complexidade das experiências humanas.
Ficha técnica: Sobreposição de fotografias de azulejos coloniais portugueses em fotografias cotidianas contemporâneas. Impressão com tinta de pigmento mineral sobre papel de algodão fosco.