Este portfólio é um testemunho visual do que não é mais exceção: o início de uma crise climática contínua, brutal e crescente. Desde 2023, o sul do Brasil tem sido o epicentro de eventos extremos que devastam centenas de municípios, repetidamente. As imagens, captadas entre 2023, 2024 e 2025, não retratam apenas enchentes — registram a virada de era.
O que se vive hoje já não pode ser chamado de anomalia. Este é o novo chão. E o que antes era chamado de “extremo” tornou-se a base do que ainda virá. Porque a crise não estabiliza: ela se intensifica. E exige que estejamos preparados para perdas que se repetem, para traumas que não cicatrizam, e para um futuro onde o recomeço é cotidiano.
As imagens reunidas nesta série atravessam territórios, afetos e tempos suspensos. Revelam casas inundadas, abrigos improvisados, brinquedos feridos, casas limpas e roupas lavadas com dignidade, além de silêncios pesados como entulho.
Revelam também abraços, gestos de solidariedade e o ciclo de reconstruções feitas com o que se tem e, sobretudo, com o que se sente.
A cada cheia, algo se vai. A cada reconstrução, algo renasce. Este trabalho não busca encerrar nada. Ele escava camadas de uma dor compartilhada e das formas de resistir quando o mundo insiste em desabar — outra vez.













