No distrito de Howrah, estado de Bengala Ocidental, Índia, Manas Das encontra na fotografia um refúgio poético e um meio de expressão vital. Aos 44 anos, este professor de profissão vive a 25 km de Calcutá, na margem oeste do sagrado rio Ganges, onde captura com sensibilidade singular os momentos cotidianos que revelam a interseção entre o humano e o divino. Sua jornada fotográfica, iniciada em meio ao caos da pandemia de Covid-19 em 2022, transformou-se em um exercício de pacificação interior e documentação afetiva de um mundo em rápida transformação.
Sua imagem “Pequeno Hanuman“, finalista na categoria Imagem Destacada do Prêmio Portfólio FotoDoc 2025, é um testemunho dessa busca por significado através das lentes. Capturada em uma tarde de verão escaldante no Babughat, em Calcutá, a fotografia congela um instante de rara sincronicidade: enquanto crianças brincam nas águas rasas do Ganges, um menino corre em direção ao rio, seu movimento ecoando a expressão jubilosa de uma estátua de pedra do deus Hanuman que observa a cena. Mais do que uma coincidência visual, a imagem revela uma cumplicidade emocional entre o divino e o humano, lembrando que a alegria é uma experiência compartilhada que transcende planos de existência. O trabalho reflete a prática fotográfica de Das – sempre atento às nuances emocionais e aos diálogos invisíveis que pulsam nas margens do ordinário.
Conheça mais sobre esta descoberta fotográfica e o projeto que documenta a transição de eras na entrevista que segue.
Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
Sou um homem de 44 anos de idade. Atualmente vivo no distrito de Howrah, estado de Bengala Ocidental, Índia. Localiza-se na margem oeste do Ganges, a 25 km da cidade de Calcutá. Sou professor por profissão, mas amo capturar momentos da vida das pessoas.
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
A jornada na fotografia começou em meados de 2022, quando a pandemia de Covid havia espalhado suas garras pelo mundo. Havia lockdowns por todos os lados. As pessoas haviam perdido seus empregos, suas profissões estavam sob tensão. Aqueles dias foram momentos muito desorientadores. Eu estava muito inquieto. A fotografia acalmou minha mente naquele tempo. Encontrei um meio de me expressar. Esse foi o início da jornada. Ainda saio com essa tensão em minha câmera. Isso me dá grande alegria.
Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do Prêmio Portfólio FotoDoc 2025. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
Sim, claro! Esta foto foi tirada em uma tarde de verão deste ano no Babughat, em Calcutá. O dia estava muito quente. À tarde, várias crianças pequenas banhavam-se no Ganges. A água estava rasa neste ponto. O menino corria em direção à água. À esquerda, o senhor de pedra Hanuman também estava feliz da mesma maneira que o menino. Capturei essa coincidência de sentimentos entre Deus e o homem.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Nosso entorno está mudando muito rapidamente. Minha cidade, seu povo. Costumes, festivais, vestuário, pensamentos das pessoas e até valores. Parado na encruzilhada de duas eras, estou agora capturando isso. Este é um grande projeto.