Aos 41 anos, pai de três filhos e estrategista de desenvolvimento territorial na startup Polvo Lab, Saulo Augusto Jr constrói uma fotografia que nasce do encontro entre seus compromissos profissionais e sua paixão pelo documental. Com trajetória que inclui direção de documentários no sertão, ele começou a encarar a fotografia seriamente apenas no final do ano passado, transformando suas constantes viagens a comunidades do interior do país em um “laboratório para seu olhar fotográfico”. Sua prática visual emerge naturalmente de seu trabalho com economia criativa e transformação social, usando a câmera como extensão de sua missão de conectar territórios e contar histórias.
Sua imagem “Espelho infinito“, finalista na categoria Imagem Destacada do Prêmio Portfólio FotoDoc 2025, é parte da série “A vida em coletivo” – registros poéticos feitos durante seus trajetos de metrô para o trabalho. A fotografia captura um momento de rara introspecção urbana: um senhor de terno roxo olhando para o céu através da janela do vagão, criando um intrigante jogo de reflexos e interiores. Mais do que uma cena cotidiana, a imagem levanta questões sobre busca de transcendência em uma cidade cinza, convidando o espectador a imaginar “o que ele está vendo ou pensando”. O trabalho sintetiza perfeitamente a abordagem de Augusto Jr: usar o documental como forma de conectar histórias pessoais com paisagens urbanas, encontrando poesia nos espaços de transição e deslocamento da metrópole.
Conheça mais sobre esta descoberta fotográfica e os projetos que unem apicultura, cacau e quebradeiras de coco na entrevista que segue.



Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
Tenho 41 anos, sou pai de três filhos e trabalho atualmente na Polvo Lab, uma startup de economia criativa. Lá, sou responsável por toda a estratégia de desenvolvimento de territórios e pela transformação social de comunidades produtivas que acessam mercados através das nossas iniciativas.
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Sempre fui apaixonado por imagem e, como sempre trabalhei viajando, sentia vontade de registrar tudo em fotografias. Minha paixão sempre foi pelo documental — cheguei a dirigir documentários no Sertão — mas comecei a encarar a fotografia como atividade de fato no fim do ano passado. No meu trabalho, tenho acesso a muitas comunidades no interior do país e comecei a usá-las como um verdadeiro laboratório para meu olhar fotográfico.



Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do Prêmio Portfólio FotoDoc 2025. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
Vou para o trabalho de metrô e, nesse trajeto, costumo registrar cenas que me chamam atenção. Chamo essa série de “A vida em coletivo”. Um dia, me deparei com um senhor de terno roxo, olhando para o céu através da janela. Aquilo me intrigou… Fiz a foto pensando: “O que será que ele está vendo ou pensando? Será que procura o céu nessa cidade tão cinza?”. Essa imagem acabou se tornando parte do trabalho que foi finalista do prêmio.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Atualmente, estou desenvolvendo três projetos principais:
- Um fotolivro sobre a apicultura no interior do Piauí;
- Um trabalho sobre o cacau no sul da Bahia;
- Um projeto no interior do Maranhão com quebradeiras de coco babaçu.
No futuro próximo, quero aprofundar essas séries, sempre explorando o documental como forma de contar histórias e conectar territórios.