

Festival de Fotografia Documental
De 4 a 8 de novembro de 2025
Panamericana Escola de Arte e Design
São Paulo (SP)
ENCONTROS FOTODOC 2025
Os Encontros têm um papel central para o Festival FotoDoc, criando a ocasião para se projetar e debater sobre a fotografia documental e autoral, abordando, por consequência, temas, problemas e desafios centrais para as sociedades contemporâneas. Dois fotógrafos projetam seus trabalhos acompanhados de um entrevistador, com duração total de 1h30.
Pontos de vista destoantes, concorrentes, opostos ou simplesmente desconexos, são capazes de criar sínteses inesperadas, fazendo de cada Encontro um acontecimento único. Os Encontros serão realizados na galeria principal da Panamericana, situada no térreo da Escola. Terão entrada gratuita e capacidade para 40 pessoas. Os ingressos serão distribuídos com 1 hora de antecedência para o início do evento.
Os Encontros serão filmados e uma edição na íntegra será publicada em nosso canal no YouTube na semana seguinte ao festival, permitindo o acesso àqueles que não puderam estar presentes.
Confira abaixo a programação dos Encontros e programe-se para participar!
QUARTA, 5 DE NOVEMBRO, DAS 20H30 ÀS 22H


Rituais sagrados, desafios terrenos
Érico Hiller e Márcio Vasconcelos por Nilo Biazzetto Neto
A abordagem fotográfica de Érico Hiller se caracteriza por projetos de longa duração sobre temáticas urgentes. Ele dedicou grande parte de seus anos recentes de trabalho a abordar a questão da água, projeto que resultou no lançamento de dois alentados livros pela editora Vento Leste. Érico Hiller esteve na primeira edição do Festival FotoDoc, em 2022, quando abordou a primeira fase do projeto Água, de abrangência global, e agora retorna ao palco dos Encontros para apresentar a segunda etapa, que se dedica ao território nacional. Parte desse extenso mapeamento sobre a escassez e o manejo inadequado dos recursos hídricos no Brasil está reunido na exposição Água: Brasil, presente na programação do Festival FotoDoc 2025.
Para dividir o Encontro, contaremos com a presença de Márcio Vasconcelos, que vai apresentar as histórias por trás das imagens do projeto Bruxos e Curandeiros, grande ganhador do Prêmio Portfólio FotoDoc 2025. Através de conexões seculares entre Portugal, Congo, Angola, Brasil e Cuba, o projeto revela a ressignificação cultural dos povos Bantu — principais grupos escravizados até o século XVII. Com foco na religiosidade, a série explora a crença Bantu na interação entre os mundos visível e invisível. Em Cuba, documenta as manifestações do Palo Monte (ou “Regla Conga”) em Havana, herança direta do Baixo Congo. No Brasil, o registro concentra-se nos terreiros de quilombos na Baixada Maranhense (Codó e Guimarães), destacando as religiões de matriz africana Pajé de Negro, Terecô e Tambor de Mina.
QUINTA, 6 DE NOVEMBRO, DAS 18H ÀS 19H30


Um convite à memória e um legado de luta e afeto
Emidio Luisi e Camila Gauditano por Mônica Zarattini
Nascido em Sacco, no sul da Itália, Emídio Luisi comemora, em 2025, setenta anos de Brasil, com o lançamento do livro Imagens de um Tempo, que será apresentado no Festival FotoDoc. A obra resgata imagens realizadas ao longo de sua carreira, entrelaçando três territórios que moldaram seu olhar, sua cidade natal na Itália, o vilarejo vizinho de Roscigno Vecchia, e a cidade de São Paulo, onde o fotógrafo vive. Nessas travessias, Itália e Brasil se fundem e se confundem, metrópole e campo não funcionam como antítese, mas como complemento. Um convite à memória, à imagem e ao reencontro com aquilo que nos forma.
Ainda nesse Encontro, teremos ocasião de nos emocionar com uma homenagem à fotógrafa Rosa Gauditano (1955-2025), que nos iluminou com sua presença na primeira edição do Festival FotoDoc, em 2022, e que partiu em 2025, deixando um legado de luta e afeto. Ela teve sua trajetória como fotojornalista, depois como documentarista, dedicando-se a projetos de longo prazo, e ativista, abordando intensamente temas espinhosos e necessários, com especial atenção à luta pelos direitos das populações indígenas no Brasil. Sua filha, Camila Gauditano, vai contar sobre os projetos que estavam em andamento e planos para preservar e difundir o seu acervo.
QUINTA, 6 DE NOVEMBRO, DAS 20H30 ÀS 22H


Sinais de alerta
Eddo Hartmann e Yasemin Bagci por Paulo Marcos de Mendonça Lima
Dois convidados holandeses que vêm participar do Festival FotoDoc se apresentam nesse Encontro, tornado possível graças ao apoio do Consulado dos Países Baixos em São Paulo. O fotógrafo Eddo Hartmann vem falar sobre seu projeto mais recente, A Zona de Sacrifício, que também estará exposto no Festival FotoDoc, ao longo do qual realiza um extenso mapeamento fotográfico do Polígono de Testes de Semipalatinsk, no Cazaquistão, utilizado como local de testes de armamento nuclear durante a época da União Soviética. O trabalho é um poderoso libelo visual, que denuncia de maneira precisa e cuidadosamente teatralizada as consequências do uso da tecnologia nuclear com finalidades bélicas.
O Encontro traz ainda Yasemin Bagci, curadora e arquivista, para falar ao público brasileiro sobre sua atividade profissional e em especial o trabalho para a grande exposição retrospectiva do fotógrafo turco Ara Güler realizada no FOAM Photo Museum de Amsterdã, em 2023.
SEXTA, 7 DE NOVEMBRO, DAS 18H ÀS 19H30


Nas ruas e longe delas
Gustavo Minas e Sebá Reis por Paulo Marcos de Mendonça Lima
Um Encontro contrastante vai reunir dois fotógrafos que vivem na capital federal. Formado pelo grande mestre Carlos Moreira (1936-2020), ele despontou como um dos maiores representantes brasileiros da fotografia de rua. Gustavo Minas logrou desenvolver um estilo próprio, baseado no uso da cor saturada e de contrastes cortantes, na busca por reflexos, imagens e fontes de luz artificiais no ambiente urbano. O fotógrafo se recorda de uma definição sempre repetida pelo mestre: fotografia é ficção. Isso deu a ele consciência de que não precisa depender de fatos interessantes para fazer fotos interessantes. Ao contrário, o banal deve ser a matéria-prima a ser trabalhada e transformada por meio do olhar, da luz e do enquadramento.
Ao seu lado nesse Encontro, teremos a presença de Sebá Reis, juiz do STJ e fotógrafo amador que uniu empatia e coragem para fazer uma série de retratos de presas transsexuais, abordando tanto a situação sistema prisional como da transfobia no Brasil, duas tragédias sobrepostas em sua temática. Esses retratos deram origem ao livro Translúcida, que conta com a colaboração de advogados, juízes, médicos, políticos, artistas e intelectuais, autores dos textos que acompanham, contextualizam e aprofundam as imagens. Sebá Reis vai apresentar um pouco do denso entrelaçamento de pontos de vista propiciado pela obra e sua repercussão.
SEXTA, 7 DE NOVEMBRO, DAS 20H ÀS 22H30
















