Cláudia Fernandes Moraes

Cláudia Fernandes Moraes

Minha prática de artista-fotógrafa se constrói a partir de um olhar que busca constantemente tensionar o visível e instaurar novas formas de percepção. Meu processo criativo, em permanente movimento, tem na natureza, no ser humano e no Cosmo suas principais fontes de investigação. Opero na interseção entre contemplação e questionamento, produzindo imagens que deslocam a experiência cotidiana e convidam o espectador a revisitar o que acredita conhecer.
Nos últimos anos, a presença crescente da poluição nas paisagens naturais tornou-se um vetor determinante de meu trabalho. Não mais como elemento periférico, mas como protagonista de um debate urgente. Nas composições, resíduos e interferências ambientais — muitas vezes invisibilizados ou naturalizados — emergem como sinais de um tempo que se acelera e se deteriora simultaneamente. No ensaio O Amanhã é Hoje, as imagens não se restringem ao registro; operam como testemunho e denúncia, revelando o impacto silencioso da ação humana sobre ambientes outrora preservados.
Enquanto artista transito por técnicas variadas, valendo-me de cor, movimento de forma rigorosa e conceitual. Quando presente, o tratamento digital não atua como ornamento, mas como ferramenta crítica: intensifica contrastes, explicita tensões e evidencia fissuras na relação entre humanidade e território. Cada obra se constrói a partir de decisões formais — enquadramento, luz, cor e composição — que ampliam o sentido poético e político da imagem. As fotografias sublinham o estranhamento do sujeito contemporâneo diante de um mundo que se transforma por ação humana em escala planetária. Assim, os gestos que corrompem a paisagem tornam-se matéria estética e discursiva. Ao mesmo tempo, investigo a tentativa humana de domínio sobre o Cosmo, revelando tanto a potência criativa quanto a violência desse impulso.
Minha trajetória se constrói num processo de observação, exploração e descoberta que resulta em imagens pensadas para convocar reflexão. A partir de uma visão pessoal e expandida da realidade, articulo questões ambientais, sociais e existenciais, propondo ao público uma experiência que vá além do olhar: uma experiência que exige reposicionamento, responsabilidade e consciência. Sã obras, ao mesmo tempo poéticas e inquietantes, que convidam a pensar o presente como território decisivo — onde o amanhã se forma, se fragiliza e, por fim, se anuncia.