No fim do dia, com as luzes da casa ainda apagadas, notei as sombras das grades de proteção se espalhando pelas paredes. Aquela cena discreta, tantas vezes ignorada, parecia agora falar alto. As linhas rígidas recortando o espaço revelavam mais do que um simples jogo de luz: mostravam os limites que aprendemos a aceitar.
A casa, que deveria ser refúgio e espaço de liberdade, se vê marcada por essas sombras silenciosas, quase imperceptíveis, que lembram a presença constante de barreiras. Elas revelam como a sensação de proteção pode facilmente se transformar em prisão.
Este ensaio nasce desse olhar atento às contradições do nosso cotidiano, onde a busca por segurança impõe limites que restringem o movimento e a sensação de liberdade, mesmo dentro do lugar mais íntimo que temos.