No compasso das redes
Laguna dos Patos, Arambaré – RS
Em um dia de final de primavera, embarquei no barco de uma família de pescadores artesanais — pai, filhos e tios — na imensidão serena da Laguna dos Patos, no sul do Brasil, distrito de Santa Rita do Sul.
A missão era a pesca do linguado, uma cultura silenciosa que se repete há gerações. Partimos de madrugada, no clarear de um dia nublado. O café da manhã foi servido no próprio barco, pouco antes de recolhermos a primeira rede. Nada. Nem sinal de peixe. Os mais jovens, frustrados. Os mais velhos, ainda pacientes. Sentiam que o tempo da água não se mede por pressa.
Na segunda rede, vieram os peixes. E depois dela, mais e mais. Uma super pescaria. A alegria se espalhava: contas pagas, mesa farta, esperança renovada.
O dia seguiu intenso: lançar rede, puxar rede, separar peixe. Na volta, já limpavam os frutos do trabalho, preparando o que viria depois.
E assim se vive, dia após dia, na maior laguna de água doce do Brasil.
No compasso da natureza, no silêncio das águas, na força de uma tradição que resiste.






