São Paulo, como toda grande metrópole, com seus mais de 12 milhões de habitantes, é frequentemente vista como uma cidade caótica e cinzenta. Seu cotidiano frenético, o excesso de carros e prédios, a escassez de espaços culturais e a violência sempre reforçaram essa imagem para mim. Durante um período, até mesmo os poucos espaços artísticos e coloridos eram apagados e cobertos de cinza pela própria administração pública.
A série “Cores de São Paulo” surgiu com a proposta de desconstruir essa imagem por meio de uma abordagem minimalista (quando possível) e repleta de cores. Pessoas, prédios, grafites, objetos e pequenos detalhes trazem vida a uma cidade que, dia após dia, parece mais cinza e sufocante.
Com o tempo, a proposta inicial do projeto, de apresentar um contraste com essa ideia cinzenta da cidade, evoluiu para um embate mais direto com a realidade urbana atual. São Paulo vem sendo dilacerada por processos de gentrificação, violência e apagamento. Bairros históricos estão sendo destruídos por uma política urbana predatória, sob a justificativa de “modernização”. A cidade passa por um processo profundo de descaracterização urbana e social. O aumento dos contrastes sociais tornou as desigualdades ainda mais evidentes. E o apelido de “cidade cinza” passou a carregar um novo significado, refletindo um lugar que caminha, silenciosamente, para um colapso sem volta.








