A fotografia me fascina por quase incontáveis razões e a possiblidade de produzir dípticos com minhas fotografias é um caso muito especial e é uma frente de minha produção fotográfica que sempre ganhou lugar de destaque. Isto porque a criação de dípticos permite, por assim dizer, expandir os limites das fotografias e das histórias contadas.
As imagens justapostas revelam ou constroem novas camadas ou novas realidades que complementam ou que contrastam as duas imagens comparadas como num jogo de ilusões, de fantasias. É como se, de repente, o significado do tempo e do espaço fossem alterados. Ou como se os limites físicos e imaginários da fotografia fossem expandidos. Como se os diversos elementos da fotografia sofressem um processo de ressigificação, expandindo assim os limites (ou os alcances) das fotografias originais que se comparam no díptico.
No projeto ora apresentado busco, no sentido mais amplo, integrar a percepção estética, a reflexão filosófica e a sensibilidade ecológica, mostrando que a relação do homem com a natureza não é meramente utilitária, mas também espiritual e existencial. As imagens apresentadas não são meros cenários estáticos, mas sim expressões visuais de uma realidade interligada, em que a contemplação estética e a consciência ambiental se fundem, convidando- nos a repensar nosso papel no mundo. As imagens geradas na forma de dípticos consideram não apenas os elementos visíveis, mas também as complexas interações entre o ambiente, a sociedade e a subjetividade humana. Essa abordagem pode revelar como estamos conectados com o mundo natural e como nossas ações impactam o equilíbrio ecológico e social.
Em meus dípticos ressignifico a minha fotografia e, tenho a nítida sensação, que também ressignifico a mim mesmo; meus sonhos; meus acertos e desacertos; a minha vida.