Este ensaio é sobre as minhas impressões e percepções das experiências vividas numa viagem ao Pará. A cor rosa, que permeia toda a série, é uma homenagem às várias histórias que eu escutei sobre o Boto Rosa.
Pará:Brasil fala de um tempo em outro tempo. Assim me senti ao chegar ao Pará e ao banhar- me no rio que é mar, que parece não ter fim. Ao adentrar no exuberante verde da floresta, senti como se um portal com sua sinfonia de cores e sons me transportasse para um mundo anterior. Ao flutuar nos igarapés, onde o chão é céu e o céu é chão, me senti numa própria experiência onírica. E tive a certeza de que aqui a terra encontra o rio e a alma se enraíza na floresta.
Um tempo dentro de outro tempo. Lá onde as águas orgânicas do Amazonas, que nasce do encontro das águas do Solimões e do Negro, se encontram com as águas esverdeadas e cristalinas do Tapajós. Se banhar neste rio é um ritual, um encontro consigo mesmo e com as divindades que nele habitam. É preciso respeito.
Um tempo que atravessa muitos tempos. A terra fértil e vasta, onde culturas se entrelaçam como os rios que cortam a sua paisagem. Nas águas sinuosas do rio, a vida se desenrola em um ritmo próprio, ecoando o pulsar da natureza, que existe fora do homem e dele prescinde.
É aqui que comunidades ribeirinhas, guardiãs de uma sabedoria ancestral, fluem em harmonia com o rio, extraindo dele e da floresta não apenas alimento e o seu sustento, mas também inspiração espiritual e cultural. Suas histórias e tradições se entrelaçam com as águas que moldam seu modo de vida, tecendo um tecido rico de mitos e rituais. As palafitas, com sua presença marcante e tão distintiva da região, nos lembra de como a vida flui em sintonia com os ciclos naturais do rio e da floresta.
Se encontrar nos sabores e odores do alegre e colorido mercado de Santarém onde as culturas indígenas, africanas e europeias se entrelaçam e nos envolvem numa prazerosa e inusitada experiência.
Um tempo em muitos tempos.






