O período de seca, que ocorre todos os anos na região amazônica, desta vez deixou o maior estado brasileiro (Amazonas) e a maior porção da Amazônia em situação de emergência. Os 62 municípios sofreram com a estiagem, afetando as vidas de mais de 600 mil pessoas. Tudo isso, dois anos depois da maior enchente da história. Ou seja, os eventos extremos são cada vez mais frequentes devido às alterações climáticas e ao impacto da ação humana desenfreada.
Os danos foram fortemente sentidos pelos habitantes da região amazônica. Altas temperaturas, bancos de areia que se formaram no meio dos rios, isolando municípios e comunidades ribeirinhas.
A seca deste ano atingiu a marca histórica de 12,70 metros, segundo registro feito no Porto de Manaus em 27 de outubro, o menor nível desde o início da medição, há 121 anos. De acordo com o Centro Nacional de Monitorização e Alertas de Desastres Naturais, as precipitações de Junho a Agosto estiveram abaixo da média para o período. Especialistas apontam que dois fatores principais inibiram a formação de nuvens e, consequentemente, as chuvas: o fenômeno El Niño, caracterizado pelo aquecimento anormal do Oceano Pacífico, e as mudanças climáticas.
O barqueiro Paulo Monteiro da Cruz, 49 anos, navega entre milhares de peixes mortos pelo calor e pela acidez da água na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Lago do Piranha, em Manacapuru, Amazonas, Brasil. Peixes morreram devido à forte estiagem que atingiu a Bacia Amazônica.Barqueiros foram forçados a rebocar seus barcos através do que restou do Lago do Aleixo durante a grave seca que afetou o Amazonas em 2023. Em Manaus, capital do estado, a seca atingiu seu pico na segunda quinzena de outubro, segundo o Serviço Geológico do Brasil.Raimundo Silva do Carmo, 68 anos, coleta água de um poço que ele mesmo cavou em meio à lama, no Lago do Puraquequara, na Zona Leste de Manaus, um dos locais da cidade mais afetados pela seca que assolou o Amazonas.Raimundo Silva do Carmo, 68 anos, bebe da água de um poço que ele mesmo cavou no lamaçal do que restou do Lago do Puraquequara, em Manaus, uma das áreas mais prejudicadas pela estiagem no Amazonas.Um orador da comunidade Bom Intento (em Manaquiri, Amazonas, Brasil) é visto sobre o chão rachado pela severa seca que atingiu a bacia amazônica. O Rio Solimões também atingiu níveis mínimos em diversas áreas de seu leito na estiagem de 2023.Jonathan Siqueira, 33 anos, observa sua casa flutuante que ficou encalhada no Rio Tarumã-Açu, um dos principais afluentes do Rio Negro, em Manaus, Amazonas. Jonathan, ficou isolado com outras nove pessoas na casa em que vive. O Amazonas viveu o pior período de seca de sua história em 2023: comunidades ficaram isoladas, a navegação foi prejudicada e a distribuição de produtos e o acesso à água caíram drasticamente.O barco Aliança III encalhou na saída de um dos principais portos de Manaus, durante a seca recorde de 2023, a mais intensa já registrada na Bacia Amazônica. Os proprietários da embarcação não conseguiram recuperá-la e ela acabou totalmente destruída.
Nascido em Manaus (Amazonas, Brasil), Raphael Alves estudou Comunicação Social com habilitação em Jornalismo na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Fotografia na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e Artes Visuais no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). Obteve também o título de Master of Arts em Fotojornalismo e Fotografia Documental na London College of Communication / University of the Arts, em Londres (ING). O trabalho de Raphael já recebeu o Pictures of the Year Latin America - POYLatam (2017 e 2021) e o Pictures of the Year International POYi (2022), e a bolsa editorial da Getty Images (2021). Em 2023, seu trabalho foi vencedor do The Nature Conservancy Contest