FotoDoc
  • Home
  • Contest
    • FotoDoc Photo Contest 2026
      • Rules / Submission
      • Selected EntriesNEW !
      • Guidelines
    • FotoDoc Photo Contest 2025 – Winners
    • FotoDoc Photo Contest 2024 – Winners
    • FotoDoc Photo Contest 2023 – Winners
  • Festival
    • FotoDoc Festival 2025
    • FotoDoc Festival 2024
    • FotoDoc Festival 2023
    • FotoDoc Festival 2022
  • About
  • Portuguese (Brazil)
  • English
No Result
View All Result
  • Home
  • Contest
    • FotoDoc Photo Contest 2026
      • Rules / Submission
      • Selected EntriesNEW !
      • Guidelines
    • FotoDoc Photo Contest 2025 – Winners
    • FotoDoc Photo Contest 2024 – Winners
    • FotoDoc Photo Contest 2023 – Winners
  • Festival
    • FotoDoc Festival 2025
    • FotoDoc Festival 2024
    • FotoDoc Festival 2023
    • FotoDoc Festival 2022
  • About
  • Portuguese (Brazil)
  • English
No Result
View All Result
FotoDoc
No Result
View All Result
Transcendência. Entre o céu e a terra.

Como uma cena saída de um filme, o sadhu e o cavalo sagrado dividem o mesmo silêncio, entre luzes que não explicam nada, apenas revelam. Tudo ali parece suspenso, como se o tempo tivesse parado para que o mistério se mostrasse, por um instante. Trocamos olhares. Os dois surpresos com o que vêem...

Transcendência. Entre o céu e a terra.

Daniela VignolibyDaniela Vignoli
19 de July de 2025
in Photo Essay

Selected in FotoDoc Photo Contest 2025

Realizado em Allahabad, na Índia, durante o Kumbh Mela — o maior festival espiritual do mundo — este ensaio se debruça sobre os sadhus e aghoris, figuras sagradas que habitam os extremos da espiritualidade hindu. Homens santos, renunciantes, que abandonam o mundo material em busca da transcendência, vivendo em isolamento, meditação e rituais intensos que desafiam os limites da moral e da razão.

Cobertos de cinzas retiradas muitas vezes de piras funerárias, alguns vestem apenas o silêncio, a entrega, rompendo todos os tabus em nome da dissolução do ego. Comungam com a morte, fumam cannabis como prática ritual, e veem em tudo uma manifestação do divino — inclusive naquilo que o mundo teme ou rejeita.

Movida por uma profunda curiosidade pelo outro e suas formas de existência, a artista fotografa não para explicar, mas para testemunhar. Seu olhar repousa sobre os momentos em que o sagrado e o cotidiano se encontram. As imagens habitam o espaço entre o visível e o invisível, o real e o mítico, o corpo e o espírito.

Cada rosto, cada gesto, cada vestígio de cinza e chama, torna-se um portal de presença. As fotografias são oferendas visuais — instantes em suspensão que revelam, em sua crueza e potência, uma existência que caminha de maneira nua e crua, entre o céu e a terra.

Diante da chama, os corpos envoltos em pó, gesto e devoção. Sentados no chão sagrado, os sadhus não conversam — comungam. Ao fundo, o tempo se curva. De pé, o iniciado como quem vigia algo entre o humano e o divino, entre a matéria e o vazio.
Ali, o eu já não importa. O que existe é presença crua.
Sentado sobre um carro coberto de poeira, o sadhu parece flutuar entre dois mundos que nunca se tocam. O corpo coberto de cinzas, os olhos fixos em algum ponto que escapa à pressa do presente. Em meio ao caos urbano, ele repousa como um vestígio de outro tempo — ou de um tempo que nunca deixou de existir.
Os corpos, cobertos de cinzas e guirlandas, parecem ter atravessado o tempo, como se tivessem emergido de uma era anterior à linguagem. Reúnem-se em torno do fogo, em um ritual de oferenda e comunhão. É quase uma sala de estar ancestral, onde o chão é altar e o convívio, sagrado. Tudo ali carrega um peso invisível de sentido e entrega.
Corpos nus, cobertos de cinza, aquecem-se em torno do fogo como quem repousa à beira de um limiar. A nudez aqui não é ausência — é escolha. Um gesto radical de desapego, entrega e presença. Não há pudor nem pose: só o corpo como veículo do sagrado, entre o calor da terra e o silêncio do além.
Homem santo. Como se enxergasse algo que nós não vemos, e que talvez nunca venhamos a ver. Tudo nele é pelo sagrado e através do sagrado. O corpo está aqui, mas a alma parece habitar outra dimensão. Um tempo que não é o nosso. O olhar não observa: atravessa. Como se a fé tivesse desenhado nele uma nova forma de presença.
O sadhu, figura ancestral de renúncia e silêncio, se curva à modernidade. A imagem, quase absurda, revela um tempo em que até o ritual parece precisar de validação digital. A espiritualidade, ou o que resta dela, posa para o algoritmo.
Eles não pedem explicação. Apenas existem. Cobertos de cinza, sustentam o olhar de quem não teme ser visto. O corpo, o tempo e a fé estão todos ali, expostos. A flor não enfeita, a bengala não ampara, o silêncio não protege. Tudo é afirmação. Tudo é presença. Tudo é espiritual.

Open Call! Submit Your Work to FotoDoc 2026

Daniela Vignoli

Daniela Vignoli

Daniela Vignoli é fotógrafa e artista visual brasileira, seu trabalho transita entre o documental e o poético, com foco em espiritualidade, presença e humanidade. Impulsionada por uma profunda curiosidade pelo outro e suas formas de existência, busca revelar o invisível que habita o instante. Em sua pesquisa, também explora a interferência têxtil como gesto de escuta e transformação. Atua na Rocinha com arte têxtil e acolhimento de mulheres em vulnerabilidade.

Related Content

Related Posts

cicatrizes da memória
Photo Essay

cicatrizes da memória

Cicatrizes da memória.

bypaulodetarso
23 de December de 2025
Despacho
Photo Essay

Despacho

Um movimento de entrega daquilo que recebeu, a qual, da mesma forma que trouxe o colorido também gerou tonalidades incolores....

byJoseane Cancian
23 de December de 2025
Imprints
Photo Essay

Imprints

I am deeply moved by the theme of disappearance, of fading connections, of what slowly slips away from life and...

byIrina Ebralidze
18 de December de 2025
Sob o Ouro das Águas: Um Ritual em Imagens
Photo Essay

Sob o Ouro das Águas: Um Ritual em Imagens

O presente ensaio mostra imagens feitas durante a Festa em homenagem à Mãe OXUM, captadas em Porto Alegre no dia...

byAndréa Seligman
18 de December de 2025
Entre Ruas, Rios e Silêncio
Photo Essay

Entre Ruas, Rios e Silêncio

Manaus se revela nos intervalos: entre prédios antigos e fios elétricos, entre escadas que sobem e não levam a lugar...

byEduarda Oliveira
16 de December de 2025
#pésdecopa
Photo Essay

#pésdecopa

Comecei essa série de fotos em 2024 quando voltei pro Brasil após 10 anos sem voltar para o país do...

byDuca
16 de December de 2025
  • Home
  • Contest
  • Festival
  • About
  • Portuguese (Brazil)
  • English
No Result
View All Result
  • Home
  • Contest
    • FotoDoc Photo Contest 2026
      • Rules / Submission
      • Selected Entries
      • Guidelines
    • FotoDoc Photo Contest 2025 – Winners
    • FotoDoc Photo Contest 2024 – Winners
    • FotoDoc Photo Contest 2023 – Winners
  • Festival
    • FotoDoc Festival 2025
    • FotoDoc Festival 2024
    • FotoDoc Festival 2023
    • FotoDoc Festival 2022
  • About
  • Portuguese (Brazil)
  • English

Vertente Fotografia © 2023