Em “Álbum de Família”, retornei ao vilarejo de origem da minha família materna, o Ganhoão, em Chaves, extremo norte da Ilha do Marajó, com o propósito de criar memórias físicas para as famílias locais por meio de álbuns artesanais feitos com fotografia instantânea. Todas as fotografias presentes neste portfólio (e mais centenas de outras) compõem álbuns que hoje pertencem às famílias contempladas pelo projeto, financiado pelo edital Funarte Retomada — Artes Visuais (2023), com continuação prevista para 2026, financiada pelo edital Fomento à Criação de Projetos Culturais PNAB Pará (2025).
Este projeto, que também é minha dissertação de mestrado, não apenas obtém resultados artístico e poético com os álbuns de fotos, mas também identifica e registra os moradores do Ganhoão nos dias de hoje, documentando suas residências, famílias, trabalhos e vida comunitária, levando a vida cotidiana de locais desconhecidos da Amazônia à superfície, desmitificando pensamentos coloniais e romantizados sobre o dia-a-dia na floresta.
Em um tempo em que a fotografia se limita às galerias digitais, vulneráveis a dispositivos cheios, roubos e perdas, a criação de álbuns físicos torna-se um ato de resistência poética da memória amazônida-marajoara.