A Tailândia ou Reino da Tailândia ocupa um lugar especial no imaginário de turistas e viajantes em escala global. Localizado no centro da península da Indochina, no Sudeste asiático, o Reino da Tailândia é um território de cultura milenar que ostenta o orgulho de nunca ter sido ocupado e colonizado por potências europeias.
Apesar disto, o país é profundamente marcado pelo hibridismo entre a modernidade capitalista de origem ocidental e tradições culturais profundas, assentadas em séculos de autonomia política – desde a criação e queda dos reinos de Sucotai (1238-1583) e Aiutaia (1350-1767), passando pela breve e marcante ocupação Birmanesa (1767-1769), até a restauração do atual Estado da Tailândia (Sião) em 1769.
O Reino da Tailândia, desde seus Estado antecessores, estabeleceu-se como entreposto comercial ao longo dos séculos, sendo capaz de preservar forte identidade étnica e cultural, uma diplomacia eficiente na sua relação com potenciais regionais e globais, inserção recorrente nas cadeias de comércio e um caráter cosmopolita, notadamente na sua capital, como é recorrente em entrepostos comerciais na história das sociedades humanas.
Talvez esteja nesta miscelânia o grande atrativo que o país exerce no imaginário daqueles que caminham pelo mundo, atravessando suas fronteiras. É neste hibridismo que este ensaio está assentado, é na junção entre o tradicional, fortemente influenciado pelo Budismo, com as práticas culturais contemporâneas, algumas ocidentalizadas, lidas como modernidade.
As kathoey, o terceiro sexo na tradição cultural tailandesa, são expressão dessa justaposição, indo de corpo sagrado em determinadas tradições locais, fronteiriço entre o masculino e feminino, às ladyboys do mercado das artes e do entretimento, incluso o mercado global da prostituição. A apreciação estética dos templos budistas está intimamente relacionada a um mercado de consumo da experiência local por turistas e viajantes, borrando as fronteiras entre o sagrado e profano na vivência simultânea dos espaços.
É nas veredas da articulação imaginativa entre o tradicional e o moderno que este ensaio caminha, apontando como a experiência de um olhar desde fora é capturada pelas justaposições e articulações em um país e numa tradição cultural dominante que souberam se reinventar no tempo.