Em Belo Horizonte, onde vive e trabalha, Érika Mourão transforma a fotografia esportiva em um poderoso instrumento de documentação social e afeto. Aos 36 anos, a fotógrafa mineira dedica-se a capturar não apenas a intensidade dos corpos em movimento, mas as histórias de superação e resistência que pulsam nas pistas, campos e ruas. Sua trajetória, iniciada em 2012, consolidou-se em 2017 quando descobriu no esporte um espaço privilegiado de emoção genuína e verdade espontânea – e decidiu usar sua câmera para dar visibilidade a causas e realidades que merecem ser vistas.
Sua imagem “Sem Limites“, finalista na categoria Imagem Destacada do Prêmio Portfólio FotoDoc 2025, é um testemunho eloquente dessa missão. Capturada durante uma corrida de rua em Nova Lima em 2025, a fotografia transcende o registro esportivo ao revelar um paratleta avançando com determinação absoluta, apoiado em muletas, enquanto ultrapassa uma multidão de corredores. Mais do que celebrar a performance física, a imagem desvela a força invisível do “querer” que desafia barreiras sociais e limites impostos. Com sensibilidade documental, Mourão convida o espectador a refletir sobre inclusão, coragem e dignidade, lembrando que o esporte pode ser um território de transformação humana onde cada gesto carrega uma narrativa capaz de inspirar mudanças.
Conheça mais sobre esta trajetória e os projetos que fortalecem o lugar das mulheres na fotografia esportiva na entrevista que segue.
Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
Tenho 36 anos, vivo em Belo Horizonte (MG) e trabalho como fotógrafa esportiva e documental. Minha atuação se divide entre coberturas de eventos, trabalhos autorais e projetos que valorizam a presença feminina na fotografia esportiva.
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Comecei a fotografar em 2012, motivada pela vontade de registrar momentos que revelam emoções genuínas e histórias inspiradoras. Em 2017 me encantei com a fotografia esportiva porque ela reúne intensidade, emoção e verdade em um mesmo instante. No esporte, tudo acontece de forma espontânea — a superação, a alegria, a dor, o esforço — e a câmera se torna uma ferramenta para eternizar essas histórias. Com o tempo, percebi que a fotografia era muito mais que um ofício: é meu meio de expressão e de conexão com o mundo. Ela me permite dar visibilidade a pessoas, causas e realidades que merecem ser vistas.
Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do Prêmio Portfólio FotoDoc 2025. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
Esta imagem foi capturada durante uma corrida de rua em Nova Lima, em 2025. Ela vai além do registro esportivo ao retratar a superação e a resiliência humanas, mostrando um paratleta avançando determinado, apoiado em muletas, em meio a uma multidão de corredores.
Ao fotografar esse atleta, fui tomada por uma emoção profunda ao perceber a força que o impulsiona a seguir, ultrapassando não só seus limites físicos, mas também as barreiras invisíveis que a sociedade muitas vezes impõe. Ver ele superar tantos corredores me mostrou que a verdadeira arma do ser humano é a força do querer.
Essa fotografia busca sensibilizar o espectador para temas como inclusão, coragem e dignidade, revelando o esporte como um espaço de transformação social e humana, onde cada gesto carrega uma história significativa que vai além da competição.
Essa imagem sintetiza meu olhar documental no esporte: revelar que, em cada gesto, existe uma narrativa humana que dialoga com questões sociais relevantes nos dias de hoje.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Atualmente, estou dedicada a projetos de fotografia esportiva e documental, buscando captar a intensidade, a emoção e a paixão de atletas e paratletas em diferentes modalidades. Nos próximos meses, pretendo aprofundar trabalhos que explorem a relação entre esporte e inclusão social, além de me dedicar à Alpha Woman Agency, uma agência que criei para promover, valorizar e dar visibilidade ao trabalho de mulheres na fotografia esportiva. A iniciativa nasceu do desejo de fortalecer a presença feminina nesse segmento, criando uma rede de apoio, oportunidades e reconhecimento para fotógrafas que atuam em um espaço historicamente dominado por homens.