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Gabriela Vivacqua: Fotografia humanitária

Conheça a história da brasileira Gabriela Vivacqua, que vive na região nordeste da África há quatro anos e trabalha documentando ações de equipes da ONU

Érico EliasbyÉrico Elias
5 de February de 2022
in Profiles
Gabriela Vivacqua: Fotografia humanitária

Ester Olivier descansa com os filhos trigêmeos na casa da família em Juba, Sudão do Sul

Gabriela Vivacqua em ação em campo de deslocados internos em Dolow, Somália / Foto: Arquivo pessoal

O uso da fotografia para documentar questões humanitárias constitui um nicho de mercado cada vez mais significativo, porém concorrido. A brasileira Gabriela Vivacqua, 29 anos, se inseriu nele de maneira inesperada e ao mesmo tempo muito natural. Formada em Direito e vivendo no Rio de Janeiro (RJ), ela praticava a fotografia como hobby. A grande transformação se deu em 2015, quando viajou para o Sudão, região nordeste da África, para visitar a mãe e o padrasto, diplomata que havia assumido um posto em Cartum, capital do país. Durante a visita, ela recebeu uma oferta de trabalho na International Organization for Migration (IOM) e não hesitou. “Fui contratada como fotógrafa, no entanto, foi difícil no início, pois a fotografia é um tema bastante sensível no Sudão, uma vez que o governo é repressivo e autoritário”, conta.

Ainda no Rio, Gabriela fez cursos livres na escola Ateliê da Imagem e uma especialização em Fotografia e Imagem na Universidade Cândido Mendes. Já como fotógrafa da IOM, começou a ter contato com o interior do país, procurou fazer amizade com famílias em comunidades que vivem no deserto do Saara e passou a fotografá-las. Com o tempo, reuniu material que considerava de qualidade, procurou a galeria Dabanga, em Cartum, e conseguiu emplacar uma exposição solo em 2016. Foi graças a essa exposição que uma funcionária do programa de alimentação da ONU conheceu o trabalho de Gabriela e acabou por convidá-la a trabalhar em sua equipe, no departamento de comunicação. A brasileira deixou a IOM e assumiu o novo emprego.

Em 2018, ela se mudou para o Sudão do Sul e mora atualmente em Juba, capital do país. O trabalho full time é diferente do realizado por freelancers, pois envolve a proposição de pautas e a organização dos detalhes de cada missão de campo. Ela viaja toda semana, a princípio de segunda a sexta, para diferentes regiões, cobrindo atividades também na Somália e na Etiópia. Um dia típico de trabalho começa bem cedo, antes do amanhecer, e inclui horas de estradas, longas caminhadas e muito sol. “Produzo conteúdo coletando história das pessoas assistidas pela organização e documentando atividades e projetos. O foco principal são histórias positivas de sucesso e esperança”, relata.

Mulher sudanesa realiza o banho afrodisíaco sentada em um banquinho colocado sobre um pneu
Crianças da tribo Hamar brincam em uma escola primária no Vale do Omo, na Etiópia

Série autoral premiada

Apesar da rotina bastante carregada, Gabriela Vivacqua consegue conciliar o trabalho com o desenvolvimento de projetos autorais, que acabam sendo realizados durante as férias e feriados. Ainda assim, são as circunstâncias de sua atuação que permitem a ela entrar em contato com pessoas e histórias que depois se tornarão tema para pautas autorais.

Exemplo disso é a série Dukhan – entre fumaça e fogo, que rendeu a ela o primeiro lugar na categoria Ensaio da Convocatória Portfólio em Foco 2019, realizada pelo Festival Paraty em Foco. As fotos retratam um ritual afrodisíaco milenar feito no Sudão, chamado Dukhan, que consiste em banhos de fumaça realizados por mulheres casadas ou que se preparam para o casamento.

O ritual é feito em casa, individualmente. Nua, a mulher besunta o corpo com óleos aromáticos e se cobre com uma manta larga. Sentada em um banquinho ou em pé, sobre madeiras que queimam abaixo do assento (podem estar em panelas, latas ou outro recipiente refratário), ela se submete a um “banho de fumaça”. Cada banho dura até uma hora, quando a temperatura se torna insuportável. Como a mulher sua bastante com o calor, o corpo ganha uma intensa fragrância afrodisíaca por causa do óleo aromático e, segundos as sudanesas, também traz benefícios à saúde.

Imagem da série Dukhan – entre fumaça e fogo, que retrata ritual afrodisíaco realizado por mulheres no Sudão

Gabriela conta que houve um processo de aproximação e conquista de confiança antes que o trabalho pudesse ser realizado. “Foi difícil encontrar mulheres dispostas a participar, pois existe um tabu relacionado ao sexo. Por ser um país de maioria muçulmana e com uma cultura que promove a hierarquia masculina, a mulher acaba tendo um papel limitado dentro da sociedade e perde a liberdade em vários aspectos, principalmente nos relacionados à sexualidade”, conta a brasileira.

Ao fotografar o ritual, Gabriela informa que interferiu na cena, buscando locais com fundos mais vazios e pedindo às mulheres fotografadas que usassem os panos coloridos que costumam usar no dia a dia, em vez
do cobertor liso que normalmente usam para o ritual. “Esse pano tinha que combinar com o fundo. Fotografo muito pensando nas cores e acho que, nesse ensaio, isso não poderia ficar de fora”,
explica.

Detalhes do ritual Dukhan: mulheres ficam até uma hora expostas à fumaça que sai da queima de madeiras

Nicho para trabalhar

Gabriela Vivacqua conta que existe um nicho para atuação de fotógrafos na documentação de causas humanitárias, mas pondera que se trata de um mercado bastante concorrido. “Normalmente, as organizações humanitárias contratam freelancers para pautas específicas e, sempre que existe um projeto de longo prazo, anunciam em alguns sites. Essas instituições recorrem à fotografia como instrumento para documentação, visibilidade e captação de recursos. Por meio da fotografia, é possível demonstrar como estão impactando a vida das pessoas assistidas e como suas atividades são importantes”, explica. A brasileira informa que, para se inserir nesse mercado, é necessário ficar ligado nos anúncios disponíveis e se movimentar bastante: mandar e-mails, mostrar disponibilidade e fazer contatos. “Não ficar parado nunca”, indica.

Trabalhar em países que vivem crises humanitárias, como o Sudão e o Sudão do Sul, é desafiador. O equipamento fotográfico é alvo de inspeções minuciosas e pode ser fonte de problemas. Por essa razão, Gabriela procura levar com ela apenas uma Canon 5D Mark IV com a zoom 24-70 mm f/2.8. Ela aprendeu um pouco de árabe para se comunicar, mas sempre conta com a ajuda de um intérprete – existem 64 dialetos apenas no Sudão do Sul.

O fato de ser mulher também exige cuidado redobrado em relação à segurança. Ela nunca passou por nenhuma situação difícil ou constrangedora e toma suas precauções para que isso nunca venha a ocorrer. “Jamais estou sozinha. Quando me deparo com uma situação em que me sinto desconfortável tento dar um jeito de sair dela o mais rápido possível. No entanto, não há como negar que ainda somos minoria nessa área. Durante quase todas as minhas viagens em campo sou a única mulher. Tenho colegas muito respeitosos e atuo em um time excepcional, mas tenho plena consciência de que essa não é a realidade na maioria das vezes”, comenta Gabriela Vivacqua.

Refeição escolar em campo para deslocados internos em Dolow, Somália
Exame que avalia o grau de desnutrição é realizado em uma criança em Aweil, Sudão do Sul

Descoberta e transformação

Ao longo do percurso iniciado em 2015, a mulher se tornou o tema principal da fotografia de Gabriela Vivacqua. “Até pouco tempo atrás, não compreendia perfeitamente por que minhas lentes estavam sempre voltadas nessa direção. Hoje eu entendo que a fotografia é minha grande aliada no processo de autoconhecimento, como pessoa e como mulher. Ela é um instrumento de descoberta e transformação. Sou inspirada pelas mulheres que tive a honra de encontrar durante essa caminhada”, declara.

Mashallah, primeiro livro de Gabriela Vivacqua

Foi em homenagem a essas mulheres que Gabriela concebeu seu primeiro livro, Mashallah, lançado em novembro de 2019 pela ID Cultural. Editado na forma de um fluxo constante de imagens, acompanhado de anotações, como em um diário de campo, a publicação retrata a batalha diária de mulheres em países africanos e suas rotinas cheias de tarefas e desafios, como maternidade, casamento infantil, acesso à educação e a um sistema de saúde de qualidade e até mesmo a recurso básicos, como a água.

Mashallah é uma expressão em árabe usada para transmitir respeito, apreço, louvor ou gratidão. Segundo a fotógrafa, a principal finalidade do livro é a de enaltecer a força, a resiliência e a mensagem de esperança transmitidas pelas mulheres fotografadas. O projeto teve coordenação editorial de André Carrano, curadoria de Rogério Reis, direção de arte de Violaine Cadinot e producão Madge Pontes de Miranda. Com 200 páginas, foi impresso na Ipsis, em São Paulo, e está sendo vendido na Livraria da Travessa, do Rio (travessa.com.br).

Meninas coletando água em Kapoeta, Sudão do Sul
Crianças esperam para ser atendidas em um centro especializado em nutrição em Dolow, Somália
Mulheres e crianças buscam abrigo após conflitos em seu vilarejo na região de Darfur, no Sudão
Viola James posa para um retrato com seu filho em Juba, Sudão do Sul

Matéria publicada originalmente em Fotografe Melhor 280

Tags: ÁfricadocumentalDukhanÉrico Eliasfotografia humanitáriaGabriela VivacquaInternational Organization for MigrationONUSudãoSudão do Sul
Érico Elias

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