Em Nova Lima, Minas Gerais, José Israel Abrantes constrói há mais de quatro décadas um arquivo visual afetivo do Brasil profundo. Aos 67 anos, o fotógrafo autodidata – que trocou os desenhos pela câmera em 1978, quando comprou sua primeira Canon FT – desenvolveu uma linguagem documental singular, focada na dignidade do trabalho cotidiano e nas tradições que resistem no interior do país. Sua fotografia, que se tornou profissão em 1980, funciona como ponte entre ofícios ancestrais e o mundo contemporâneo, revelando saberes que persistem apesar do tempo.
Sua imagem “Mestres“, finalista na categoria Imagem Destacada do Prêmio Portfólio FotoDoc 2025, é um retrato emblemático dessa trajetória e exibe o artesão Severino Vitalino em seu ateliê em Caruaru (PE). Integrante do livro “Sertões do Brasil”, de sua autoria, a fotografia abre o capítulo dedicado ao artesanato, celebrando não apenas a técnica, mas a sabedoria transmitida entre gerações. Com um olhar que valoriza a autenticidade sobre a perfeição, Abrantes captura a essência de pessoas em seu labor diário, revelando a beleza rude e sincera dos gestos que moldam a cultura brasileira. A imagem sintetiza sua busca por histórias que nascem do chão, do barro, da madeira e do tecido – materiais transformados por mãos que carregam memórias e ofícios que definem identidades.
Descubra mais sobre este projeto e os futuros livros que mapeiam a alma mineira e cearense na entrevista que segue.
Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
67 anos, Nova Lima, MG.
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que? Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Comecei a fotografar em 1978 porque gostava muito de desenhar e um amigo tinha uma máquina. Em 1978 comprei uma Canon FT. A fotografia é meu trabalho desde 1980.
Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do Prêmio Portfólio FotoDoc 2025. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
Esta foto foi feita para um projeto de um livro “Sertões do Brasil” de minha autoria. Ela abre o capítulo Artesanato. Eu gosto de fotografar as pessoas em seu trabalho do dia a dia.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Um livro de fotografia sobre as festas populares de Minas Gerais: “Minas em Festa”.
Sim, tenho 3 projetos pela frente:
• “No meu quintal”: fotos de aves que frequentam o meu quintal.
• “Praia de Ponta Grossa, Ceará”: documentar o dia a dia da comunidade de pescadores com suas jangadas.
• “Rio Jequitinhonha”: documentar as comunidades no curso do Rio Jequitinhonha.