Um tronco bifurcado flutua sobre a lâmina d’água, refletido como espelho de um tempo suspenso. Ao fundo, quatro figuras caminham em direções opostas, ausentes umas das outras. A cena é contida e silenciosa, mas carrega tensão: o que flutua ali talvez seja o que resta de um corpo natural, de uma travessia interrompida, de um mundo em desequilíbrio. “Eixo” propõe uma leitura do horizonte como linha de incerteza: entre permanência e deslocamento, entre o que já foi extraído da terra e o que ainda resiste à deriva. O tronco pode ser ruína, fragmento de desmatamento ou corpo sem direção. As figuras humanas sugerem caminhos desiguais, reflexos de um tempo fragmentado. Num planeta em busca de novos horizontes frente à crise climática e ao colapso das conexões humanas, esta imagem não aponta, não acusa ela apenas sussurra. E talvez seja nesse sussurro que resida o alerta mais profundo.