Há uma ternura quase extinta na cena. Um corpo pequeno, curvado sobre si, como quem tenta conservar um último sopro de pureza. Ao redor, o caos: fragmentos, dureza, silêncio pesado — vestígios de um mundo que trocou encanto por urgência, afeto por sobrevivência.
A inocência, outrora abundante, agora se esconde. Não porque quer, mas porque precisa. São tempos em que até a suavidade se vê forçada a endurecer, em que o olhar de descoberta é suprimido pela necessidade de resistência. Cada ruína em volta sussurra o que foi perdido, e cada curva do corpo tenta lembrar o que ainda pode ser salvo.
Essa imagem não grita. Ela sussurra. E nesse sussurro, ecoa uma pergunta: o que acontece quando a inocência deixa de caber no mundo? Talvez não seja o fim — talvez seja um chamado para reconstruir. Em meio a ruínas e concreto, onde a brutalidade do mundo se impõe sem pudor, repousa uma figura frágil — corpo nu e recolhido, como quem tenta proteger a última centelha de inocência. Sentada sobre um tecido simples, envolta por escombros e o silêncio de um lugar esquecido, essa imagem sussurra uma poesia dolorosa: a da delicadeza sobrevivendo ao caos.