A cada 7 minutos uma pessoa desaparece no Brasil, um índice maior do que o de mortes violentas. Embora aproximadamente metade seja localizada, a outra metade permanece afastada de suas famílias, que sofrem à espera de uma resposta.
A dor de não saber o que ocorreu com um ente querido é difícil até de se colocar em palavras. Para esses familiares o sofrimento, desespero e angústia são permanentes e deixam marcas profundas. A dor é tamanha que alguns pensam em suicídio ou sentem a vida se esvair. O luto nunca termina e a esperança é eterna.
Cada integrante do núcleo familiar lida com a situação da maneira que consegue. Alguns escolhem dar um sentido ao ocorrido e seguem com suas vidas, outros jamais compreenderão o que houve e continuam procurando, na esperança de encontrar o familiar. Mas uma coisa é certa: o desaparecimento provoca um rompimento irreversível no núcleo familiar. Muitas vezes, o desaparecimento ocorre de forma voluntária, motivado por maus-tratos, violência doméstica, depressão ou, simplesmente, por uma decisão individual. Cada caso é único, e deve ser tratado com todo o cuidado e respeito.
O papel do Estado é fundamental no processo de busca. Para os familiares, o Estado está em dívida com eles. A falta de preparo das forças policiais para atender as famílias, em um momento de extrema vulnerabilidade e desespero, intensifica mais a dor. A ausência de procedimentos operacionais padronizados para acolhimento e coleta de informações essenciais para o sucesso da busca, a carência de profissionais capacitados para oferecer atendimento psicológico e a inexistência de um sistema único e integrado de cadastro de pessoas desaparecidas entre todos os Estados brasileiros, dificultam significativamente o trabalho dos investigadores. Em um país com as dimensões do Brasil, é fundamental que o desenvolvimento e a efetiva implantação do Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas seja priorizado e deixe de existir apenas no papel.
Diante dos fatos descritos, o sentimento das famílias é unânime: de abandono e solidão nessa difícil busca. A ONG Mães da Sé é uma das organizações que acolhem e dão suporte a esses familiares, para que juntos consigam superar e sobreviver a essa dor.






