O ensaio é uma síntese artística-documental da Festa de Bom Jesus dos Navegantes do município de Laranjeiras-Sergipe, importante cidade histórica sergipana, famosa por preservar um rico e diverso patrimônio cultural. Laranjeiras com sua bela e, quase, atemporal procissão, reuni em sua festa grande parte dos folguedos do município, e pequena parte da comunidade.
Descendo do alto do morro, onde se localiza a Capela de Bom Jesus dos Navegantes, a procissão ganha robustez ao encontrar os folguedos reunidos em festa ao pé da ladeira. Serpenteando as estreitas ruas oitocentistas da cidade, a procissão segue para o antigo porto de Laranjeiras, como se navegasse os caminhos sinuosos do rio Cotinguiba ao rio Sergipe. Ao chegar no porto, a imagem do Bom Jesus dos Navegantes embarca em uma canoa Tototó (embarcação típica) navegando em procissão fluvial, subindo o Sergipe. Uma manifestação humana feita para o rio que mistura passado e presente em uma dinâmica local, voltada à comunidade.
Por meio de uma narrativa visual que leva o público-alvo a sentir e experienciar a festa religiosa em suas peculiaridades, somada a uma estética que atarraca a noção de temporalidade, explora-se a tradição religiosa como estratégia para a manutenção da memória local, adaptada ao “aos novos tempos”, porém representando uma resposta a essa modernidade. Encruzilhadas da memória, onde presente/passado/futuro fundem-se em consonância como as águas de um rio, levando a fé que corre em suas águas para lugares mais distantes.
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